Cabul, 30 jul (EFE).- Os talibãs confirmaram nesta quinta-feira a morte de seu líder máximo, o mulá Omar, um dia depois que o governo afegão anunciou que o mesmo tinha falecido no Paquistão em 2013, informação que foi rejeitada pelo grupo insurgente, que afirmou que a autoridade nunca saiu de seu país nos últimos 14 anos.
"A liderança do Emirado Islâmico (como os talibãs denominam o Afeganistão) e a família do mulá Omar anunciam que o fundador do Emirado Islâmico e teu líder Amir-ul Momineen (Príncipe dos Crentes) morreu por conta de uma doença", indicou o grupo insurgente em comunicado divulgado pelo porta-voz Zabihullah Mujahid.
O grupo disse em uma nota assinada por líderes talibãs e pela família do mulá que "apesar da pressão e de ser rastreado regularmente pelos Estados Unidos, esteve vivendo no Afeganistão e durante os últimos 14 anos nunca saiu do país, nem por um dia, e nunca viajou ao Paquistão e nem a outro lugar".
"Esteve manejando os assuntos do Emirado Islâmico desde sua residência e há suficientes provas disto. Adoeceu há algum tempo e sua doença se agravou nas últimas duas semanas, quando finalmente morreu", indicaram, sem precisar a qual período de tempo se referiam.
Os talibãs agregaram, além disso, que "o mulá Omar era um líder honesto da 'umma' (comunidade) islâmica, que manteve erguida a bandeira do Emirado Islâmico em tempos difíceis".
O comunicado indica que os seguidores do mulá Omar rezarão durante os próximos três dias em mesquitas e lugares públicos em memória de teu líder.
Os talibãs lembraram a seus seguidores suas responsabilidades e pediram que confiem que alcançarão seus objetivos.
"Nesta situação é nossa responsabilidade defender seu legado como fazíamos enquanto ele estava vivo. Ele deixou instituições fortes, amigos honestos e uma estrutura organizada, por isso que os mujahedins e muçulmanos devem confiar que cumpriremos com nossas obrigações e objetivos", diz a nota.
Além disso, o irmão do líder talibã, o mulá Abdul Emanam, e seu filho mais velho, mulá Yaqoob, pediram perdão no comunicado a todos aqueles que sofreram durante o governo do mulá Omar e perdiram perdão.
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, anunciou ontem a morte do mulá Omar em abril de 2013 no Paquistão, uma morte que segundo a agência de inteligência afegã aconteceu em um hospital de Karachi (sul).
O mulá Omar criou o grupo talibã em 1994 em pleno pós-guerra do conflito afegão-soviético e governou o Afeganistão com mão de ferro entre 1996 e 2001, ano em que a invasão americana acabou com seu regime por dar cobertura a Osama bin Laden, líder da rede Al Qaeda, que atentou contra as Torres Gêmeas de Nova York.
Desde então, tinha estado em paradeiro desconhecido.
No Emirado Islâmico do Afeganistão, o mulá Omar impôs uma rígida interpretação da sharia ou lei islâmica. EFE
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