A manhã ainda não havia rompido na paradisíaca Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, quando, quebrando o silêncio da madrugada, uma embarcação aportou numa das praias da região.
Ela tinha nada menos do que 521 kg de cocaína, vinda do Brasil, segundo a Polícia Judiciária local informou à rádio RFI. O fato ocorreu em novembro último.
Flagrados com a carga, nove pessoas que estavam no barco foram detidas: seis espanhóis, um cabo-verdiano, um cubano e um sueco. A operação ficou conhecida em Cabo Verde como "Pérola Negra", resultante de cinco meses de investigações. A droga tinha como destino a Europa.
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O delegado Janderlyer Gomes de Lima, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal (PF), em Fortaleza, afirmou ao R7 não ter informação sobre a origem da droga apreendida na costa africana. Neste momento, a PF local está trabalhando para desmantelar uma máfia que atua no Nordeste do Brasil, levando drogas, em voos regulares, da capital cearense, e outras cidades da região, para Cabo Verde.
Mas ele não deixa de fazer uma conexão dessa ousada iniciativa do tráfico com regiões estratégicas do Brasil, como São Paulo e cidades nordestinas.
O delegado contou que dois componentes do grupo surpreendido em Cabo Verde (um sueco e um dos espanhol) passaram por algumas cidades brasileiras e chegaram a ficar detidos algumas horas em Fortaleza, por levarem uma quantia significativa de dinheiro, o que levantou suspeitas da PF e da Receita.
— Eles vinham em voo de Salvador, tendo São Paulo como destino. Na escala em Fortaleza, foram pegos com uma grande quantidade de euros. Foi feita a retenção dos recursos. Esses mesmos indivíduos que passaram por Fortaleza estavam entre os que foram presos na operação Pérola Negra, dias depois.
Depois de terem seus valores retidos no Brasil, ambos seguiram viagem. O delegado afirmou que foi aberta uma investigação e eles estão respondendo a um processo por lavagem de dinheiro no País.
— Há uma conexão com Fortaleza, com o Nordeste, mas eles não embarcaram de nenhum lugar dessa região rumo a Cabo Verde. Talvez tenham saído para lá por uma região próxima à Guiana Francesa ou ao Suriname.
Esta não é a primeira grande ação do tráfico no país africano. Em junho de 2013, um tribunal da Cidade de Praia, capital do país, condenou nove, de 15 acusados, a penas de prisão entre nove e 22 anos, por associação criminosa e lavagem de capitais, em relação a outro carregamento, de 1,5 kg, apreendido em 2011. O período de reclusão, depois, foi reduzido para seis anos para a maioria dos acusados.
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