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Volta do dracma, a antiga moeda da Grécia, é vista com desconfiança por especialistas

Novo padrão monetário seria implementado caso o país, após plebiscito, saia da zona do euro

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Tsipras descarta cortes de gastos sociais mas quer negociar
Tsipras descarta cortes de gastos sociais mas quer negociar Tsipras descarta cortes de gastos sociais mas quer negociar

A possibilidade de a população rejeitar qualquer acordo com credores, no plebiscito convocado pelo governo do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, para o próximo domingo (5), colocaria a Grécia na iminência de deixar a zona do euro, de acordo com grande parte dos especialistas em economia no mundo.

A decisão prejudicaria a ajuda financeira internacional. E mostraria uma Grécia em busca da independência em relação à Europa, remetendo às antigas cidades-estados (pólis) gregas que se opunham a uma união centralizada, implementadas entre os séculos 8 a.c. e 4 a.c.

Neste novo modelo surgiria, para a Grécia moderna, filha da antiga, a necessidade de uma nova moeda que se desvinculasse do euro. Um eventual retorno do dracma, moeda anterior grega, que deixou de ser usada em 2002, colocaria o país em uma nova etapa em sua história milenar.

No caso de uma ruptura com o euro, a Grécia deixaria de estar engessada e poderia aumentar as suas exportações. Mas para isso uma série de sacrifícios seriam feitos, alguns deles com potencial de tumultuar ainda mais a economia do país. 

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O professor Ricardo Iwata, de Relações Internacionais do Senac, especializado em economia, definiu esta situação como uma ambivalência perigosa.

— Há aspectos positivos em uma recuperação da autonomia monetária, com o governo podendo tomar decisões de acordo com as necessidades da nação. As exportações podem ser favorecidas com uma eventual desvalorização da moeda.

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Mas ele vê um outro lado que pode trazer sérios prejuízos à economia grega, considerando muito problemática uma possível saída do país da engrenagem econômica europeia.

— Em caso de desvalorização em relação ao euro, e ao dólar, se as exportações aumentam, a dívida do país vai aumentar na mesma proporção. Há assim um sério risco de inflação alta, já que a economia grega não é auto-suficiente, depende muito da comunidade europeia para se abastecer.

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Desta maneira, uma moeda nacional desvalorizada, em uma economia que, segundo Iwata, não prima pela exportação ampla de commodities, mas basicamente de frutas e azeite, fragilizaria o dracma, tornando-a uma moeda sem a competitividade necessária. Isso poderia acarretar uma fuga de capitais, inadimplência, congelamento de salários, entre outros itens.

Já o professor de economia da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, acredita que a competitividade é um dos fatores a serem levados em conta. Outro será o modelo de política econômica pelo qual o governo irá optar, o que para ele é uma incógnita.

— Ainda é cedo para falar na saída da Grécia da zona do euro. Mas caso isso ocorra, as consequências dependerão da política cambial e da meta da política monetária a serem adotadas. A mudança é complexa, leva tempo, depende da confiança da população neste novo padrão monetário. Nós, no Brasil, apesar de em condições diferentes, já passamos por essas mudanças de padrão monetário e sabemos o quanto é complicada essa situação.

A Grécia ainda tenta negociar com o FMI (Fundo Monetário Internacional), um de seus principais credores. Mas, para que o governo grego obtenha novos empréstimos, seriam necessários cortes de gastos sociais e reformas que não estão previstas na agenda de Tsipras.

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Sem alternativa, o país tem fechado os bancos, a fim de evitar a fuga de euros do sistema financeiro. Saques estão limitados a cerca de R$ 550,00 (60 euros) por pessoa e há uma crise de liquidez (quantidade de dinheiro na economia), com a população sentada nos bancos das praças, atônita, na expectativa de uma saída mais para epopeia do que para drama.

Drama, afinal, é uma palavra de origem grega, nos tempos do filósofo Aristóteles (4 a.c). E dracma, pela mitologia grega, era uma forma de se homenagear a deusa Íris, mensageira dos deuses. Depois da oferenda, a resposta de Íris vinha na névoa. Como, é neste momento, a zona do euro para a Grécia.

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