Depois de 60 dias de investigações, a Polícia Civil de Minas Gerais conclui inquérito que investigou denúncias de maus-tratos contra idosos em um asilo em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com a delegada Bianca Prado, ao menos 76 idosos foram vítimas de maus-tratos e 18 morreram. Mas os números podem ser ainda maiores, já que muitas pessoas passaram pelo asilo sem serem fichadas.
— A certeza é que muitas vítimas não foram fichadas, por pura ausência de documentação da clínica. A gente não tem, até hoje, nenhum registro de entrada e saída de pacientes. Nós chegamos a essas vítimas através de poucos documentos encontrados na clínica, por meio de prontuários cedidos por hospitais e até mesmo por documentos cedidos pelo cemitério municipal e provas testemunhais de familiares que nos procuravam.
De acordo com a delegada, as mortes foram causadas ou aceleradas por falta de cuidado.
— Medicações não era ministradas adequadamente, a higiene era precária, as feridas dos idosos não eram tratadas. Teve um senhor que chegou lá com a perna ferida e levava bengaladas no local machucado. Ele chegou ao hospital com bicheira e risco de ter a perna amputada.
Muitos dos idosos foram encaminhados para hospitais com quadro de desnutrição, desidratação e sarna. Segundo a Polícia Civil apurou, era comum que os internos recebessem como "punição" a privação de água e comida durante período de até três dias.
Além das mortes, as investigações comprovaram que um idoso de 70 anos e uma cadeirante de 23 anos foram estupradas dentro do asilo.
Presos
As investigações da Polícia Civil começaram após denúncias de uma ex-funcionária do asilo. No final de julho, a Polícia Civil prendeu a dona do local, Elizabeth Lopes Ferreira e uma de suas filhas, Poliana.
Em seguida, foram presos um cuidador, conhecido como JP, o marido de Elizabeth, Paulo, e uma outra filha do casal, Patrícia.
Segundo a Polícia, os cinco vão responder por crimes de tortura contra 76 pessoas, com agravamento de morte em 18 casos. Elizabeth era considerada a mente por trás de tudo o que ocorria dentro do asilo. As duas filhas tinham papel de fazer tortura psicológica nos idosos, além de ameaças e agressões menos graves, como bofetadas e bengaladas. O cuidador e o marido de Elizabeth são acusados pelas agressões mais severas.
Tanto Elizabeth como seu marido, Paulo Lopes Ferreira, são acusados de estupro de vulnerável. Elizabeth também responderá, junto a uma de suas filhas, por desacato à autoridade no dia em que foram presas em flagrante.
Uma sexta pessoa, identificada como Fernando de Paiva, que é dono do imóvel, vai responder por lesão corporal leve.