Uma campanha na internet tem mobilizado moradores da cidade de João Monlevade, na região central de Minas Gerais, pela recuperação de uma estudante vítima de um grave acidente de trânsito. Mariana Marques Leite, de 20 anos, foi atropelada por um adolescente inabilitado quando atravessava uma avenida da cidade na faixa de pedestres e teve traumatismo craniano, além de fraturas na bacia e na perna esquerda e um trauma na mão.
Ela ficou internada por quase três meses no Hospital de Pronto-Socorro João 23, em Belo Horizonte, e teve alta no dia 8 de julho. Sua mãe, Rosimeire Lopes, de 48 anos, deixou o emprego de professora na rede estadual de educação para ficar ao lado da filha no hospital e acompanhar sua recuperação e conta que, em momento algum, deixou de acreditar na superação da jovem.
— Eu fechava meus ouvidos para tudo que era ruim porque os médicos não acreditavam na recuperação da Mariana. Eles diziam que ela iria falecer ou ia ficar vegetando. E eu dizia: "Não, claro que não. Vocês não sabem o dia de amanhã. O dia de amanhã pertence a Deus".
Mariana voltou para sua casa em João Monlevade sem andar e apenas balbuciando algumas palavras, mas com a ajuda de uma campanha realizada na internet, conseguiu doações e ajuda de várias pessoas para realizar os tratamentos necessários à sua recuperação e, hoje, já consegue falar e, com a ajuda de uma fisioterapeuta, também já começa a recuperar os movimentos da mão e perna esquerdas.
A campanha #FaçaMariSorrir surgiu depois que o maquiador Márcio Oliveira conheceu Mariana. Ele foi visitá-la após saber que ela tinha o sonho de fazer as sobrancelhas com o profissional e ficou emocionado com a primeira coisa que ouviu da jovem quando chegou em sua casa.
— Ela disse pra mim assim: "Eu me esqueci de muita gente, mas não me esqueci de você".
Mariana se referia à perda de parte da memória, que foi afetada pelo traumatismo craniano. Até do namorado ela se esqueceu por um período. Entretanto, mesmo sem conhecer pessoalmente o maquiador, ela se lembrou do profissional do qual tinha apenas referências e já tinha visto somente em fotografias.
— Já conseguimos dois meses de fisioterapia, além de psicóloga, nutricionista, acupuntura, fonoaudióloga e também a reforma completa do quarto da Mariana, que é onde ela passa a maior parte do tempo. Além disso, tivemos a doação de um notebook e um tablet que serão rifados.
Mariana ainda guarda uma mágoa pelo acidente que, por um momento, interrompeu sua vida, mas a confiança na retomada de sua rotina é ainda maior e, ao final da entrevista, ela disse com certa dificuldade, o que espera do futuro:
— Espero que eu volte a andar, subir e descer o morro da UEMG [Universidade Estadual de Minas Gerais, onde cursa o terceiro período de Engenharia Metalúrgica], se Deus quiser.
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