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Ex-secretário de saúde de Minas sabia sobre risco de perda de doses 

Equipe técnica pediu que ato de vacinação no aeroporto de Confins não fosse realizado; ex-secretário defende realização do evento

Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7

Ex-secretário também defendeu vacinação interna de servidores da saúde
Ex-secretário também defendeu vacinação interna de servidores da saúde Ex-secretário também defendeu vacinação interna de servidores da saúde

O ex-secretário de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral (Novo), sabia do risco de perda de doses de vacinas quando o Governo do Estado decidiu organizar um ato simbólico para vacinação de profissionais de saúde no Aeroporto de Confins, no dia 18 de janeiro deste ano. 

A realização do evento ocorreu mesmo após orientação da equipe técnica da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) de que havia risco da perda das doses das vacinas no local devido ao mau armazenamento. 

À reportagem do R7, o ex-secretário confirmou que tinha conhecimento sobre esse risco, "mas entendia também a necessidade de mobilizar a população para se vacinar tendo em vista a resistência de grupos a tomar vacina."

Amaral também defendeu a iniciativa de vacinar servidores da pasta, às pressas, para evitar que as doses tivessem que ser jogadas fora. Uma caixa com 35 doses foi aberta para o ato público, que vacinaria cinco profissionais de saúde da Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais). As outras doses foram usadas para imunizar outros servidores no local. 

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"A solução de aplicar as doses restantes na equipe da Central da Rede de Frios foi ótima opção e seguiu o PNI (Plano Nacional de Imunização)", disse, em nota.

Diretora da SES prestou depoimento
Diretora da SES prestou depoimento Diretora da SES prestou depoimento

Revelação

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A revelação sobre a orientação da equipe técnica da SES-MG foi feita nesta terça-feira (4) pela diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis, Janaina Fonseca de Almeida Souza, que prestou depoimento à CPI que investiga irregularidades no processo de vacinação dos servidores da pasta. Janaína também responde a processo administrativo na CGE (Controladoria-Geral do Estado). 

Janaina confirmou, ainda, que uma caixa com 35 doses de vacinas contra a covid-19 sofreu oscilação de temperatura devido à exposição em ambiente não refrigerado.

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— Havia uma orientação técnica para não ocorrer o evento simbólico.

Questionada pelo relator da CPI, o deputado Cássio Soares (PSD), sobre quem deu a ordem para que o evento fosse realizado, a diretora Janaina Fonseca afirmou que "partiu do Governo do Estado de Minas Gerais".

Ela, no entanto, afirmou, assim como o ex-secretário Carlos Eduardo Amaral, que a realização do evento foi importante como parte da conscientização sobre a vacinação contra a covid-19.

— Havia uma insegurança muito grande com relação à vacina. Muitos duvidavam da eficácia, então, o evento foi importante para conscientizar. Do ponto de vista técnico, sabíamso do risco de desvio de temperatura, o que realmente ocorreu.

Vacinação interna

Outra revelação feita pela diretora durante a CPI dos Fura-fila foi a de que o gabinete do então secretário definiu que "a vacinação de servidores da pasta deveria ocorrer internamente, de maneira informal". A vacinação dos funcionários da saúde, que envolveu mais de 2 mil pessoas, é alvo de investigação do Ministério Público, além da CPI na Assembleia. 

Janaina foi questionada pelos deputados sobre o motivo pelo qual a área técnica da SES não procurou a prefeitura de BH para realizar a vacinação dos servidores. Segundo ela, "não foi autorizado" o contato com a área técnica da prefeitura para realizar a consulta sobre a imunização pelo município.

À reportagem, o ex-secretário Carlos Eduardo Amaral afirmou que a decisão de vacinar os servidores da SES internamente foi tomada para evitar "o passeio da vacina", já que as doses chegam na Central da Rede de Frios da SES e que "existe competência legal do órgão para executar a imunização". Ele também afirmou que o objetivo era desafogar a própria prefeitura da capital mineira.

"No entanto, não houve uma ordem para não realizar a consulta à Prefeitura. Como já era prática estabelecida em campanhas anteriores, bastava a conversa entre as coordenações de vacinação das duas pastas. Se houvesse discordância, obviamente, a própria prefeitura não teria dado acesso ao sistema", defendeu-se o ex-chefe da saúde de Minas. 

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