A família da comerciante Ana Paula Nápoles Silva, morta em uma ação policial na MG-010, ficou revoltada com a absolvição dos militares envolvidos e garante que irá recorrer. O Conselho de Sentença, formado por três homens e quatro mulheres, acatou a tese apresentada pelo Ministério Público, que entendeu que os militares agiram em legítima defesa, porque pretendiam acertar assaltantes em fuga que passavam pelo local. Dessa forma, os policiais foram inocentados dos crimes nesta quarta-feira (16).
O pai da vítima, José Adilson da Silva, diz que os parentes da vítima foram humilhados no júri.Para ele, os jurados foram intimidados pela defesa.
— Os jurados são da cidade [Vespasiano] onde os caras [policiais] trabalham e moram. Isso pode tê-los inibido. Minha família foi desgastada e acuada. Sofremos pressões dentro do tribunal, recebemos olhares estranhos, mas não tenho medo deles. Vou continuar enfrentando, apesar de não ter a mesma saúde de antes.
Diante da absolvição, o advogado do pai da vítima, José Osvaldo, conta que irá tentar uma outra abordagem.
— Nós confiamos que o tribunal superior vai reverter isso. Podemos pedir para que o júri saia de Vespasiano e vá para BH. É preciso que seja um local neutro.
Entenda o caso
Em fevereiro de 2004, policiais militares pararam dois carros na MG-010 para usá-los como bloqueio a três suspeitos de roubo em fuga. Na ocasião, houve troca de tiros entre bandidos e PMs. Três pessoas foram baleadas, sendo que Ana Paula Nápoles da Silva morreu na hora.
Em depoimento na última terça-feira (15), todos os policiais disseram não ter percebido a presença de civis já que o local estaria muito escuro. Além disso, eles relataram que atiraram porque os suspeitos teriam disparado primeiro contra as viaturas.