A qualidade da cachaça produzida em Minas Gerais foi posta à prova e
venceu mais um desafio: a Cúpula da Cachaça elegeu, em um teste cego, as
50 melhores cachaças do Brasil. Entre elas estão 30 rótulos mineiros. O que pode explicar o sucesso da cachaça mineira? Para o professor da UFMG Carlos Augusto Rosa, doutor em microbiologia e especialista na fermentação da bebida, a tradição e a experiência dos produtores são bons indícios.
— Existem cerca de 8.000 produtores de cachaça de alambique em
Minas Gerais. Este grande número de marcas diferentes acaba gerando um número
considerável da bebida, o que leva a produção de boas bebidas e bebidas ruins.
Os produtores atualmente têm implementado as boas práticas de fabricação,
com um controle maior da higiene da cana, da fermentação e das instalações
Texto e entrevistas: Enzo Menezes
Reprodução / Youtube
A Vale Verde 12 anos foi escolhida como a melhor cachaça do Brasil no teste feito com 11 jurados. É uma bebida envelhecida em tonéis de carvalho que, segundo os jurados carrega aroma de frutas secas, coco e baunilha. Uma garrafa custa cerca de R$ 500
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Em terceiro lugar, a Boazinha, produzida em Salinas, no Vale do Jequitinhonha pelo Rei da Cachaça, cativou o júri com o sabor adocicado e baixa acidez. A bebida, armazenada por dois anos em tonéis de bálsamo, chama a atenção também pelo preço singelo entre concorrentes "gourmet": R$ 18 o litro
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A clássica Anísio Santiago, produzida pela família Santiago desde 1946 em Salinas (ainda com o nome de Havana), ficou em 5º lugar na preferência do júri. Esta cachaça, envelhecida durante oito anos, pode custar R$ 350 a garrafa
Roberto Santiago / Reprodução
Outra marca clássica mineira que recebeu o reconhecimento foi a Germana Heritage, fabricada em Nova União. Possui notas de ervas, com aroma marcante de baunilha e doce de banana, de acordo com o júri. Considerada a 8ª melhor do País, fica armazenada por oito anos em tonéis de carvalho e outros dois em bálsamo
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Mais uma representante da cidade de Salinas: a Canarinha (R$ 123), idealizada por um neto de Anísio Santiago em 1981, ficou em 10º lugar. Repousa por três anos em tonéis de bálsamo
Marcelo Márcio / Reprodução
O professor Carlos Augusto Rosa vê com restrições este tipo de classificação.
— Estes rankings são essencialmente comerciais. Uma degustação de 60 marcas
em apenas dois dias, por mais experiente que sejam os degustadores, não é viável
cientificamente. Teria muitas falhas pois nossas papilas degustativas estariam
saturadas depois de algumas amostras