-
Inaugurada no último dia 17 de maio, um mês antes da Copa, a Estação Pampulha do BRT/Move em Belo Horizonte ainda passa por intervenções e precisa de vários ajustes. A reportagem do portal R7 esteve no local na última semana e registrou uma série de transtornos que os 90 mil usuários que passam pela estação diariamente enfrentam. São banheiros interditados, fiação exposta, partes da construção inacabada e escadas rolantes e elevadores parados, além da falta de placas e informação
Texto e entrevistas: Márcia Costanti, do R7, em Belo HorizonteMárcia Costanti/R7
-
A entrada pelo estacionamento já é complicada: os carros dividem espaço com tapumes, tábuas de madeiras e outros entulhos da obra
Márcia Costanti/R7
-
Encontrar o acesso para o terminal do piso superior é um desafio: as escadas principais, ainda no reboco, estão fechadas com trancas
Márcia Costanti/R7
-
Foram os próprios operários que indicaram outro trajeto alternativo, passando pela parte interna do prédio, enquanto driblamos latas de tinta e outros materiais de construção
Márcia Costanti/R7
-
Já no andar superior, mais indícios de que a estação está inacabada: folhas de papel alertam os usuários sobre a interdição dos banheiros, incluindo os cômodos destinados a pessoas com deficiência física
Márcia Costanti/R7
-
Quem passa pelo terminal pela primeira vez pode encontrar ainda mais problemas. Quem não entender as placas também não conseguirá encontrar o melhor trajeto no guichê de informações: o posto já foi mobiliado, mas nenhum funcionário foi visto no local
Márcia Costanti/R7
-
A auxiliar de serviços gerais Rosilene de Oliveira, de 50 anos, reclama da situação na estação, por onde trafegam 181 linhas que passam pela região norte. Para ela, antes da implantação do sistema BRT/Move, seu trajeto para o trabalho era muito mais fácil.
—Deus me livre, antes era muito mais fácil. Pior coisa foi colocar esse “trem”. Antes eu ia direto para a Afonso Pena, agora tenho que pegar o Move, passar por este transtornoMárcia Costanti/R7
-
A situação é crítica para quem tem dificuldades de locomoção: várias escadas rolantes estão interditadas. Em alguns casos, somente a opção de descida funciona
Márcia Costanti/R7
-
A aposentada Maria José Souza Viana, de 78 anos, encarou os degraus da escada parada. Aos poucos, e se segurando no corrimão para não cair, ela conseguiu alcançar o terminal para pegar o ônibus do Move.
—É muito difícil, se não tiver onde segurar, eu caio. Tenho 78 anos, as pernas já não ajudam, mas a gente vai empurrandoMárcia Costanti/R7
-
Assim como as escadas rolantes, boa parte dos elevadores também não funciona. Quem tem costume de utilizar a estação comenta que a cena é recorrente. As paredes no entorno, que tem apenas três meses de funcionamento, já acumulam pichações
Márcia Costanti/R7
-
Marise Freire, de 75 anos, se revolta com o estado da estação. Ela ressalta que deficientes visuais enfrentam uma série de obstáculos para conseguir caminhar pelo local e acredita que as intervenções foram feitas às pressas para que a obra fosse entregue antes da Copa do Mundo.
— Está tudo horrível. Isso que dá querem entregar a obra rápido, fazer tudo muito bonito por causa da Copa do Mundo e fica nesse estado. Tem pessoas cegas ou debilitadas que precisam do elevador e ele vive interditado. É muito desleixoMárcia Costanti/R7
-
Os riscos para os usuários estão visíveis também nas paredes: parte da fiação elétrica do prédio está exposta, sem qualquer tipo de isolamento ou proteção
Márcia Costanti/R7
-
O aprendiz Marcos Lima de Souza, de 16 anos, passa por isso todos os dias. Ele depende da estação para fazer o trajeto entre a escola e o trabalho no período da tarde. Por isso, encara ainda o horário de pico na estação. Além das filas "imensas", ele critica a desorganização do local e a falta de segurança durante a noite
— Tenho achado tudo muito desorganizado. Antes do Move eu tinha tempo de passar em casa para almoçar antes de ir para o trabalho, mas agora tenho que correr pra cá com fome, porque tudo demora, minha fila tem dias que faz um "caracol". De noite é uma confusão, tem muita gente que anda brigando e é escuro, bem perigosoMárcia Costanti/R7
-
Já na parte externa do prédio, é possível observar que a obra ainda se arrasta principalmente na sede administrativa da estação. Procurada pela reportagem, a Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital) informou que "foram concluídas na Estação Pampulha as plataformas troncais e alimentadoras, escadas rolantes, elevadores, bilheterias e catracas bem como toda a estrutura referente à operação do sistema e ao conforto dos passageiros".
Ainda conforme o órgão, "estão em andamento o restaurante panorâmico e o prédio de apoio da BHTrans, que estão devidamente isolados por tapumes e não interferem no funcionamento adequado do sistema". A previsão para término dos trabalhos é no final do segundo semestre de 2014Márcia Costanti/R7