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A mineradora Vale apresentou, nesta quinta-feira (12), um relatório indicando que a barragem de Brumadinho se rompeu devido a uma liquefação estática no local. O fenômeno acontece quando o material sólido passa a se comportar como líquido. O documento ainda apresenta oito respostas sobre acontecimentos registrados na estrutura que podem ter influenciado ou não no estouro do reservatório. Confira a seguir
Marcio Neves / R7
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1) Que papel a construção, o alteamento e/ou o projeto da barragem 1 tiveram nas causas técnicas do rompimento?
"O projeto e a construção da barragem I são fatores que contribuíram para seu rompimento. Especificamente, o projeto resultou em uma barragem íngreme, com falta de drenagem suficiente, gerando altos níveis de água, os quais causaram altas tensões de cisalhamento dentro da barragem"Divulgação / Corpo de Bombeiros
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2) Que papel a drenagem e/ou a falta de drenagem tiveram nas causas técnicas do rompimento da estrutura?
"A barragem I não continha drenagem interna suficiente e, portanto, tinha um alto nível de água
no talude a jusante. Isso fez com que uma parte significativa dos rejeitos permanecesse saturada, o que é um pré-requisito para a liquefação estática não drenada"Adriano Machador/Reuters
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3) O que os dados de vários dispositivos de monitoramento da barragem 1 durante os 12 meses anteriores à tragédia indicaram sobre as causas técnicas do rompimento?
Nenhum dos dispositivos de monitoramento detectou precursores de rompimento. Em vez disso, o rompimento da barragem foi súbito e abrupto, decorrente de altas tensões de cisalhamento no talude a jusante da barragem e da resposta frágil e não drenada dos rejeitos"Pablo Nascimento / R7
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4) Ocorreram deformações ou movimentos no local da barragem nos 12 meses anteriores ao rompimento? Se sim, o que essas deformações ou movimentos indicam sobre as causas técnicas do estouro?
"A barragem 1 não mostrou sinais de instabilidade, como grandes deformações que gerassem rachaduras e abaulamentos, antes do rompimento. A análise dos dados do InSAR mostrou que ocorreram pequenas deformações nos 12 meses anteriores ao rompimento e que estas deformações foram principalmente na direção vertical. Essas deformações eram pequenas e lentas demais para serem detectadas pelo radar de solo e pelos outros dispositivos de monitoramento habitualmente usados em barragens de rejeitos. As pequenas deformações permitiram que o painel desconsiderasse os movimentos nos solos naturais em baixo da barragem e as camadas mais fracas dentro da barragem como gatilhos para o rompimento. Estas pequenas deformações não eram precursoras de rompimento, mas eram compatíveis com o creep em curso"Washington Alves/Reuters
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5) Que papel a instalação de DHPs (Drenos Horizontais Profundos) teve nas causas técnicas do rompimento?
"As análises do painel sobre o DHP 15 mostraram que não era provável que a instalação do DHPs tivesse tido um papel no rompimento da barragem"Reprodução / Record TV Minas
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6 ) Documentos mostram que em 11 de junho de 2018 técnicos colocaram drenos na barragem 1 para retirar o excesso de água do reservatório e teria ocorrido uma falha durante a instalação de um deles. Que papel o incidente teve nas causas do rompimento?
"A análise do painel revelou que o incidente ocorrido durante a instalação do DHP [dreno horizontal profundo] 15 não teve impacto no rompimento da barragem. A perda de resistência que ocorreu como resultado do incidente era localizada e não houve nenhuma indicação de um impacto contínuo do DHP 15 depois da remediação que foi realizada nos dias após o incidente"Enzo Menezes / Record TV Minas
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7) Que papel a sondagem realizada no dia 25 de janeiro de 2019 na Barragem I teve nas causas da tragédia?
"A análise do painel sobre o furo de sondagem vertical perfurado no dia do rompimento mostrou que a atividade de perfuração não era suficiente para desencadear o rompimento observado da barragem. O efeito da perfuração foi localizado e não resultou em instabilidade global"Enzo Menezes/Record TV Minas
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8) Eventos sísmicos tiveram algum papel nas causas técnicas do rompimento da barragem de Brumadinho? Se sim, a atividade sísmica foi atribuível a detonações que ocorreram próximo à estrutura?
"Não. Uma análise dos dados sismográficos do dia do rompimento indicou que nenhuma atividade de sismos ou detonação foi registrada antes do rompimento"Divulgação Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais - 30.01.2019