Belo Horizonte tem 50 km de ciclovias e um projeto de expansão de mais 25 km até o fim deste ano. Ciclistas reclamam da falta de comunicação entre os trechos, que são interrompidos, em sua maioria, a cada 2 km. Além da ausência de política para integração das áreas, os ciclistas convivem com abusos de motoristas, pedestres e atividades que tomam conta das pistas exclusivas. Na avenida Carandaí, no bairro Funcionários, na região centro-sul de BH, uma feira livre retira qualquer chance de pedalar
Texto e entrevistas: Enzo Menezes, do R7
Suzana Dias/Divulgação
A falta de respeito na cidade não tem limite. Quem tenta passar pelo trecho de 2,80 km de ciclovia na avenida Bernardo Monteiro, também no Funcionários, tem que ficar atento para não ser barrado por um salão de beleza (!) ao ar livre. É só sentar no banquinho e fazer uma trança no cabelo. Quem conseguir passar, ainda precisa se desviar dos guardadores de carro à frente
Suzana Dias/Divulgação
O comerciante Rogério Pacheco pedala há 20 anos e integra grupos de defesa dos ciclistas. Ele acredita que pouca gente usa a bicicleta como meio de transporte na capital mineira porque as ciclovias "não ligam a lugar nenhum".
— A ligação de um ponto a outro é muito pequena. Pra ir da Pampulha para o centro é preciso andar no meio dos carros, e só quando se chega à Savassi tem um trecho pequeno de ciclovia. Muita gente não anda porque tem medo de dividir espaço com os carros
Suzana Dias/Divulgação
Para o ativista, campanhas educativas e fiscalização são essenciais para
mudar, aos poucos, a cultura que prioriza veículos motorizados.
—
Não adianta fazer 250 km de ciclovias sem planejamento. As vias
precisam ser projetadas para comportar a pista. As cidades priorizam os
carros, e como a bicicleta não faz parte do mundo do motorista, ele acha
que não justifica ter uma pista exclusiva para o ciclista
Suzana Dias/Divulgação
A rua Fernandes Tourinho, na Savassi, é uma das campeãs de
desrespeito dos motoristas. Por ser área comercial e ter opções
restritas de estacionamento rotativo, muitos motoristas se acham no
direito de estacionar na ciclovia
Suzana Dias/Divulgação
Na rua Piauí, uma betoneira que despejava cimento para a construção de um prédio ocupou durante todo o dia a pista exclusiva para ciclistas
Suzana Dias/Divulgação
A orla da Pampulha tem a maior pista exclusiva para bicicletas de Belo Horizonte - 11,55 km. Por sua extensão, é a campeã do desrespeito, como neste flagrante de moto estacionada. O ciclista Rogério Pacheco confirma.
— Já vi muita gente ser multada, principalmente na Pampulha, por parar sobre a pista
Suzana Dias/Divulgação
Segundo a BHTrans, a cada trecho implementado é feita uma campanha educativa com panfletagem sobre educação no trânsito. De acordo com a autarquia, uma ampla campanha, com divulgação de vídeos na TV sobre o tema, é pensada em conjunto com um grupo de ciclistas. Ainda não há previsão para sua veiculação
Suzana Dias/Divulgação
A Prefeitura de BH pretende ampliar os atuais 50 km de ciclovias para 380 km até 2020, de acordo com o Plano Diretor de Mobilidade. Se a promessa for cumprida, até 6% de todos os deslocamentos na capital podem ser feitos de bicicleta. Um dos entraves é o custo: cada quilômetro exclusivo para bikes significa um investimento de R$ 150. O projeto completo, portanto, custaria ao menos R$ 49,5 milhões
Suzana Dias/Divulgação
Além de fiscalizar, também é papel da polícia colaborar. A pista é lugar de colocar cavalete para estacionamento de viatura?
Suzana Dias/Divulgação
Ei, aí não é pista de caminhada! Mesmo em trechos onde não há calçada, como na avenida Bernardo Monteiro, não é permitida a passagem de pedestres, para evitar acidentes