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Desde a época da escola até a fase adulta, a veterinária Fabíola Botelho, de 33 anos, precisou lidar com as críticas que recebia por seu corpo curvilíneo. Com 92 cm de cintura, 125 cm de quadril e 115 cm de busto, ela cansou de encarar o preconceito por não se enquadrar em supostos padrões de magreza exigidos pela sociedade. Determinada, ela deu a volta por cima e este ano foi eleita Miss Plus Size Minas Gerais. Escolhida entre 22 candidatas, ela conta que tudo começou por acaso.
— Conheci o concurso durante um workshop no ano passado. Uma das outras meninas ia participar e resolvi torcer por ela. Comprei até um convite para vê-la e gostei bastante. Este ano, depois de alguns falarem que eu deveria participar, decidi arriscar
Texto e entrevista: Márcia Costanti, do R7, em Belo HorizonteReprodução/Facebook
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Mesmo já tendo feito alguns trabalhos como modelo, a experiência de participar de um evento como este e representar o Estado no concurso nacional, que ocorre em maio, mexeram com a mineira de Belo Horizonte. Ela revela, no entanto, que tem sonhos que vão longe das passarelas, como ajudar animais abandonados e usar sua experiência para auxiliar quem passa por situações de preconceito semelhantes.
— Tenho o sonho de levar esperança e força àqueles que se sentem discriminados, de abrir uma ONG para animais resgatados nas ruas e viver feliz com meu maridão, meus animais e futuros filhosReprodução/Facebook
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Segundo Fabíola, a preparação para o concurso foi corrida: mesmo assim, ela conseguiu patrocínios que a auxiliaram com os trajes exigidos durante as apresentações. Mesmo rodeada de apoio e bem preparada, o momento de subir ao palco deu frio na barriga na modelo.
— Fiquei bastante nervosa, mas menos do que imaginava. Nem consegui comer direito o lanchinho que fizeram pra gente. Ao desfilar, mesmo sendo a primeira vez, me senti feliz e realizada. Foi muito gostoso e empolganteReprodução/Facebook
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Ela confessa ainda que nem sempre foi fácil lidar com o manequim, que fica entre o 46 e o 48. Em alguns momentos, a insegurança foi inevitável.
—Já bateu tristeza várias vezes, nem sempre fui segura. Mas o tempo vai passando e vamos trabalhando isso dentro da gente. Acho que tudo depende da forma com que encaramos e reagimos ao que acontece conosco. Hoje em dia, já não me abalo com esse preconceito direcionado a mim, mas fico triste de ver como ele ainda existeReprodução/Facebook
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Agora, o foco é total para representar o Estado na etapa nacional. Ela acredita que eventos como este ajudam na missão de conscientizar as pessoas de que cada pessoa não pode ser julgada pelo corpo que tem.
— Nós somos muito mais que isso. Todos são iguais aos olhos de Deus, independente da numeração que vestimosReprodução/Facebook