A cidade de Poço Fundo, no sul de Minas Gerais, tem uma lista telefônica incomum: todos os contatos são identificados com apelidos. O livro foi criado há 11 anos por um jornal da cidade para facilitar a comunicação.
Na lista só se encontram nomes como Zé do Sofá, Leninha da Fábrica de Costura e Loira da Funerária. Tentar conhecer algum morador de Poço Fundo pelo nome é difícil. Alguns apelidos vêm de berço, como conta Fábio José de Almeida.
— Chamavam meu pai de Zé Gato, por isso sou conhecido como "Fabim Gatim".
Os apelidos também não precisam ter nenhuma relação com o verdadeiro nome. Sebastião Donizete Mariano vira "Macalé", Leonardo é chamado de "Cuei da Loja" e João Batista fica mais conhecido como "Gatim Motoboy".
O costume é tão forte que os próprios moradores da cidade pedem para terem seus apelidos na lista. Segundo o jornalista Marcos Vinícius, cerca de 80% das casas de Poço Fundo têm o livro. Ele explica como surgiu a ideia.
— Antes se alguém queria ligar para determinado sujeito usando a lista oficial não conseguia, porque ninguém sabia o nome do contado.
Ainda segundo o jornalista, em rodas de bar dizem que um homem mudou para a cidade certa vez e o avisaram que aqui colocam apelidos em todos. O novo morador ficou em casa e apenas de vez em quando saía. Ele acabou ganhando o apelido de "Cuco", o pássaro do relógio.