A jovem Fabrícia Oliveira dos Santos, de 20 anos, descobriu já aos sete meses de gestação que está grávida de gêmeos siameses que dividem o mesmo coração. Moradora de Estiva, na zona rural de Jequitinhonha, cidade do interior de Minas Gerais, ela foi diagnosticada pelo ginecologista João Bosco de Alcântara Coelho e fará o tratamento em Belo Horizonte, onde poderá receber acompanhamento especializado.
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde, Fabrícia passou pela primeira consulta médica na capital mineira na quarta-feira (1º), no Centro de Especialidades Médicas da regional centro-sul. A jovem fez um ultrassom e retornou na terça-feira (7). Ela foi trazida para Belo Horizonte após encaminhamento feito pela Prefeitura de Jequitinhonha, que não possui estrutura suficiente para atender à jovem, que passa pela gravidez rara e de alto risco.
A descoberta foi feita já no final de junho e considerada um susto para toda a família. Desde então, a gestante aguardava a possibilidade de transferência para a capital, onde fará exames complementares para mapear a situação dos bebês. O diretor da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais, Frederico Peret, explica que a situação é considerada "bastante rara". Segundo ele, a cada 250 mil bebês siameses que compartilham os mesmos órgãos, apenas um caso envolve o coração.
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Peret ressalta que o atendimento especializado na reta final da gravidez é fundamental para a saúde da mãe, que fica mais propensa a desenvolver problemas de saúde nestes casos e das crianças, que estão sujeitas a outras má-formações.
— Além de um pré-natal mais frequente, é preciso ficar muito atento ao desenvolvimento de hipertensão e possibilidade de parto prematuro. É necessária uma atenção especial para se ter uma definição melhor de quais órgãos são compartilhados além do coração e se este coração é normal ou não. Muitas vezes têm a possibilidade de má-formações mais complexas e, obviamente, é preciso programar o parto dessas crianças, que vão merecer atenção imediata e necessitar de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Ainda conforme o especialista, a possibilidade de separação dos bebês é "muito difícil". Ele alega que os recém-nascidos deverão ser "extensamente estudados" após o nascimento para que o quadro seja melhor avaliado já que, durante a gestação, as possibilidades de exames são mais restritas.
— Respostas completas só poderão ser dadas com o tempo. É um parto mais complicado, sem dúvida de maior risco para a mãe. Só depois que eles nascerem poderemos ter uma visão mais clara.