Enquanto aguarda uma definição do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre sua delação premiada, o operador financeiro Marcos Valério trocou de advogado. A pedido de Valério, o defensor Jean Robert Kobayashi Junior deixou as tratativas do acordo celebrado com a PF (Polícia Federal) em Belo Horizonte.
Em novo depoimento na PF realizado nesta terça-feira (26) Valério já foi acompanhado pelo advogado Fáber Genésio Campos Vieira. Durante cerca de uma hora, ele entregou novos elementos para serem anexados à proposta premiada. O caso está sendo relatado pelo ministro Celso de Mello e corre em segredo de Justiça.
Conforme a RecordTV Minas adiantou, com exclusividade, no dia 18 de julho, o empresário celebrou um acordo definitivo de colaboração premiada com a PF em BH. Em troca de benefícios, como redução pena, ele revelou irregularidades envolvendo políticos poderosos do PT e do PSDB.
Nesta terça-feira, o Porta R7 teve acesso, com exclusividade, ao documento que confirma a mudança na defesa do ex-empresário. Conforme a petição, assinada pelo próprio Valério, o advogado Fáber Vieira é o responsável pela delação com a Polícia Federal.
A mudança na defesa teria se dado por conta de divergências na condução da colaboração premiada, que ainda depende de aval do STF. Enquanto Jean Kobayashi ainda não descartou a possibilidade de fazer acordo com o Ministério Público, o advogado Fáber Vieira defende a participação somente da PF.
— Nesse momento, Marcos Valério não tem nenhum interesse em fazer delação com o MP.
Em entrevista, Kobayashi alegou que a mudança é para acelerar o processo da delação. Durante vários meses, Valério tentou celebrar a delação premiada com o MP, mas a proposta sempre foi rejeitada. Depois de assinar com a PF, no entanto, ele voltou a ser procurado por promotores de Justiça.
Embate
PF e MP se opõem sobre o método da negociação da delação premiada. Antes de deixar o cargo, o então Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ingressou com uma ação no STF alegando que os acordos devem ser fechados sem participação da PF. Já a PF entende o contrário.