Criança foi mantida refém por mais de 16 horas
RecordTV Minas/ReproduçãoMenos de dois meses depois de ter passado pelo que chamou de "pior situação da vida", Andressa Pereira Mendes, jovem que viveu momentos de terror ao acompanhar o sequestro do filho de 7 anos e do amigo, de 23, recebeu a notícia da suspensão da prisão preventiva do suspeito de ter cometido o crime com medo e perplexidade. Leandro Mendes Pereira, de 39 anos, manteve os reféns por mais de 16 horas dentro da casa da ex, em Belo Horizonte.
Muito abalada, Andressa, de 25 anos, contou ao jornalismo da Record TV Minas que tenta, aos poucos, superar o trauma vivido. Ela e o ex-companheiro estiveram juntos por sete anos. Com desgastes e brigas constantes, ela decidiu, cerca de três meses antes do crime, pôr um ponto final no relacionamento. Segundo ela, Pereira aceitou o término sem resistência. Um mês antes de manter o filho e amigo em cárcere, o suspeito iniciou tentativas de reatar a relação. Sem sucesso, o homem, armado, teria decidido então sequestrar a ex.
De acordo com o boletim de ocorrência, Andressa chegou a ser rendida por Pereira junto do filho e amigo, porém um vizinho teria conseguido ajudá-la a fugir. As outras duas vítimas, no entanto, ficaram sob a mira de Leandro. A Polícia Militar foi acionada e iniciou uma negociação com o criminoso, que, a todo momento, negava a liberação das vítimas e a rendição.
Com a resitência do sequestrador, os militares decidiram realizar um disparo, feito por um atirador de elite. Pereira foi atingido na região da face e encaminhado a um hospital de Belo Horizonte. Ele teve a prisão preventiva decretada, mas a Justiça mineira decidiu revogar a decisão, e, agora, ele continuará preso em regime domiciliar.
Em nota, a defensoria alega ter feito o pedido "com base no relatório médico que apontou que o acusado tem sequelas do ferimento que levou, não anda e depende de assistência integral para realização de tarefas como alimentação, higiene pessoal e até movimentação na cama". O documento indica ainda que, ao analisar o pedido, "o juiz Richard da Silva considerou que o Ministério Público opinou pela revogação da prisão preventiva, reconhecendo que o sistema prisional não possui estrutura para lhe fornecer o tratamento adequado, bem como que sua liberdade não apresenta risco à integridade física da vítima".
Para Andressa, o medo continua. "Dizem que ele está tetraplégico, mas quem é que sabe o dia de amanhã, né? Minha vida está destruída. Meu menino, traumatizado, volta da escola perguntando se é seguro, se tem alguém em casa, se ele pode entrar, e olha que nos mudamos. Qualquer barulho, ele começa a chorar. Eu perdi um dos meus empregos depois disso. Fico ansiosa, a vida da gente nunca mais vai ser a mesma", lamentou.
Mesmo com a impossibilidade relatada em laudo, na decisão o juiz determinou a "aplicação de medidas protetivas, com destaque para proibição do acusado se aproximar ou frequentar a residência e o local de trabalho da vítima, além da proibição de fazer qualquer tipo de contato com a vítima, por qualquer meio de comunicação, especialmente através de celular, mensagens ou de redes sociais, salvo por meio de advogado, e de divulgar qualquer espécie de vídeo íntimo que porventura possua em seu poder". Ele ainda observou que o descumprimento das medidas poderá ensejar novamente a prisão preventiva.