Dois deputados estaduais podem responder a processos na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa, instalada nessa semana, por quebra de decoro parlamentar. Por motivos distintos, Bartô (Novo) e Professor Irineu (PSL) foram denunciados e os casos tramitam na Ouvidoria da Casa.
Na última quarta-feira (12), o colegiado se reuniu, pela primeira vez em dois anos, para eleger seus integrantes. O deputado Ulysses Gomes (PT) foi escolhido presidente e Hely Tarqüínio (PV), foi eleito o vice.
Gomes aguarda, agora, que as denúncias sejam encaminhadas da Ouvidoria para a Comissão de Ética, para marcar uma nova reunião do colegiado.
Prisão sem mandado
O deputado Bartô foi denunciado pelo advogado Daniel Deslandes, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG (Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais) por quebra de decoro parlamentar. De acordo com a denúncia, o deputado cometeu abuso de autoridade e fraude processual ao acompanhar a ação de policiais militares que resultou na prisão, sem mandado judicial, de um morador de um prédio no centro de Belo Horizonte.
No dia 1º de maio, em meio a uma manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado Bartô subiu junto com PMs até o apartamento do analista de sistemas Felipe Cezário. Em um vídeo gravado pela namorada dele, o deputado diz que o motivo da prisão seria porque o homem teria atirado ovos nos manifestantes.
A PM e o Ministério Público apuram a conduta dos policiais e a Polícia Civil investiga se o morador arremesou objetos contra os manifestantes. Já o partido Novo condenou a conduta de Bartô e decidiu suspender a sua filiação.
Fura-fila
A outra denúncia é contra o deputado Professor Irineu (PSL). Ele é acusado de ter furado a fila de vacinação contra a covid-19 ao ir até um posto de saúde de Betim e receber o imunizante antes da hora. Aos 63 anos, o parlamentar tomou a sua dose da vacina quando o público atendido no município era o da faixa etária de 65 anos.
A Prefeitura de Betim confirmou que a vacinação do deputado foi irregular. Segundo as investigações, Professor Irineu foi vacinado às 14 horas. Na época, ele alegou que ficou aguardando no local até o fim da vacinação para receber uma das doses que sobrariam. A servidora responsável pela Unidade Básica de Saúde onde o episódio ocorreu foi demitida.
O relatório da prefeitura foi enviada para o Ministério Público, que investiga o caso, e a Assembleia Legislativa.