"Tem que ter uma solução", diz porteiro
Record MinasUm porteiro, de 42 anos, que mora na região nordeste de Belo Horizonte, soluça sem parar há quase 11 anos. Ronaldo da Silva já fez diversos tipos de exames mas os médicos nunca descobriram o que provoca a crise.
O problema começou quando o homem tinha 31 anos. Ele conta que os soluços chegaram a parar uma vez mas depois vieram para ficar. A família de Silva sofre muito, junto com ele.
— Meu filho já chegou até a chorar quando me viu com falta de ar. Quando eu voltei ao normal falei com ele para não se preocupar, para acalmá-lo, mas ele sabe que é um problema sério, assim como minha filha e minha mulher.
Além disso, o homem tem medo de ficar sozinho em casa e morrer sem ar. Nem durante o sono o porteiro tem descanso. A esposa o ajuda quando há crises mais fortes no meio da noite, batendo em suas costas, mas, quando está sozinho, ele precisa se virar.
— Eu levanto e bato as costas na parece bem forte. Sai um refluxo alto, de assustar, porque o ar está preso.
Este tipo de alívio provocado por ações como prender a respiração, respirar em um saco de papel e ficar de cabeça para baixo, é temporário para a situação de Ronaldo Silva, como explica o gastroenterologista Antônio Márcio.
— São estímulos, então, isso pode trazer um alívio de minutos ou horas mas se existe outra doença por trás, isso não vai ser suficiente. O soluço que passa de um mês é extremamente raro. Em 25% das vezes os médicos podem fazer todos os exames necessários e não descobrir o que provoca o problema.
Além de trazer um desconforto constante, as crises já colocaram Silva em situações muito embaraçosas. Ele teme sofrer discriminação.
— Quando eu trabalhava no centro, eu pegava o ônibus e às vezes tinha refluxo. Já chegaram a falar que eu sou sem educação, mas eu falava que tenho um problema. As pessoas pensam que é uma desculpa esfarrapada.
O porteiro já tomou diversas medidas indicadas pelos médicos, como dormir em uma cama maior e usar o travesseiro mais alto. Ainda assim, os soluços não dão trégua e até a fala fica comprometida. Diante do problema, Silva faz um apelo aos especialistas.
— Fico emocionado porque eu não nasci assim, então, tem que ter uma solução. Sei que é um mistério para a medicina. É preciso investigar de onde vem isso.