João Ribeiro Barros, Eduardo Pimentel e Cristóvão Jacques construíram um observatório com tecnologia totalmente brasileira em Oliveira, na região centro-oeste de Minas Gerais
Sonear/DivulgaçãoEm um observatório amador construído em Oliveira, na região centro-oeste de Minas Gerais, três pesquisadores mineiros tem feito importantes descobertas no campo da astronomia. Em pouco mais de um ano, eles encontraram três cometas, os três primeiros descobertos no Brasil por estudiosos brasileiros. Vinte e dois asteroides também foram identificados.
Segundo o jornalista, professor universitário e idealizador do observatório Sonear (Observatório Austral para Pesquisa de Asteroides Próximos à Terra), João Ribeiro Barros, até o ano passado, apenas dois astrônomos estrangeiros realizaram descobertas deste tipo no país e todas elas datam do século 19. Por isso, os estudos feitos em Oliveira são tão importantes e inéditos no país.
— Estamos colocando a região de Oliveira e Minas Gerais no mapa da ciência.
A última descoberta aconteceu em março deste ano. Imagens registradas pelo telescópio instalado no observatório registraram a imagem de um cometa que foi batizado de Jacques C/2015 F4. Após a constatação, o astro foi registrado junto ao IAU (União Astronômica Internacional) e a confirmação da descoberta foi divulgada alguns dias depois. Outros dois cometas foram identificados em janeiro e março do ano passado e nomeados de Sonear C/2014 A4 e Jacques C/2014 E2.
Como tudo começou
A ideia de construir um observatório já era um sonho antigo de Barros. Entretanto, ela só começou a tomar forma depois que ele decidiu deixar Belo Horizonte e comprou um sítio em Oliveira. Algum tempo depois, um amigo e estudioso da área, o engenheiro Cristóvão Jacques, propôs a construção do centro de pesquisa, cujas obras tiveram início em 2012 e a operação começou em 18 de dezembro de 2013.
Um terceiro pesquisador, o advogado Eduardo Pimentel, também foi convidado a participar do projeto e hoje divide com os amigos a tarefa de analisar as imagens geradas a partir do telescópio. O equipamento, construído com tecnologia totalmente brasileira, registra imagens de três áreas do céu e estas são enviadas automaticamente aos computadores dos pesquisadores. Com isso, elas podem ser estudadas de qualquer lugar.
O observatório foi totalmente construído com recursos próprios e funciona todos as noites. Apenas quando as condições meteorológicas estão desfavoráveis, ou seja, quando o tempo está muito nublado ou chuvoso é que o telescópio não registra imagens. Já a manutenção dos equipamentos é realizada diariamente por Barros, que é o único dos pesquisadores que atualmente mora em Oliveira.
Reconhecimento
No ano passado, o Sonear figurou em uma lista dos melhores observatórios do mundo na categoria de pesquisa de asteroides e planetas. A avaliação foi feita pelo MPC (Minor Planet Center), órgão ligado ao IAU, e levou em consideração não somente o número de descobertas, mas também por número de objetos observados.
— Ficamos em 12º lugar e ficamos muito contentes porque estamos colaborando com outros colegas e com o próprio MPC monitorando os dados e refinando a órbita terrestre.