O deputado estadual e candidato a deputado federal Gustavo Perrella (SDD) foi denunciado por improbidade administrativa pelo Ministério Público de Minas Gerais, que aponta que o deputado ofereceu cargo fantasma na Assembleia Legislativa mineira para seu piloto particular como forma de complementar o salário. A ação foi distribuída na 4ª Vara de Fazenda Estadual de Belo Horizonte na última terça-feira (30).
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Perrella é acusado de empregar como funcionário fantasma na Assembleia Legislativa o piloto do helicóptero que foi apreendido com 445 kg de cocaína no Espírito Santo em 2013. O deputado afirma que não sabia do "frete" da droga e que o piloto usou por conta própria o helicóptero. A Polícia Federal afirma que não há indícios para ligá-lo ao transporte de cocaína.
Rogério Almeida Antunes ganhou cargo de assistente na Mesa da Assembleia por indicação de Perrella e recebeu, de março a dezembro de 2013, R$ 13.114,87 entre salário e demais benefícios. Em depoimento à procuradoria, Antunes confirma que nunca apareceu na ALMG para prestar os serviços pelos quais recebia e que não sabia onde estava lotado. Ele também revelou que recebia R$ 11 mil como piloto e R$ 1.000 como funcionário-fantasma por sugestão de Perrella, que "foi quem propôs que aceitasse o cargo, dizendo que seria vantajoso".
O MP aponta que Perrella "já propôs que parte do salário ajustado seria pago pela ALMG, e para tanto este conseguiria a nomeação do funcionário de sua empresa para cargo comissionado junto aquela Casa Legislativa".
Antunes foi exonerado dias após ser preso com o helicóptero do deputado carregado com a droga em um terreno no Espírito Santo. Ele era funcionário da Limeira Agropecuária, empresa da familia Perrella na qual Gustavo possui cotas de R$ 855 mil, segundo prestação de contas à Justiça Eleitoral.
A ação, assinada pelos promotores Júlio Cesar Luciano, João Medeiros Silva Neto, Geraldo Ferreira da Silva, Raquel Pacheco Ribeiro de Souza e Elisabeth Cristina Villela aponta que Perrela "fez uso de recursos públicos para obtenção de vantagem política e pessoal, qual seja, pagamento de parte da remuneração devida ao funcionário contratado para prestar serviços para a empresa do qual é sócio".
Resposta do deputado
Gustavo Perrella não foi encontrado pela reportagem. Em nota, a assessoria de imprensa do deputado explica que ele ainda não foi citado judicialmente e, portanto, desconhece o teor da ação. "Informamos que o referido funcionário não era lotado no gabinete do deputado. Trabalhava na Mesa da Assembleia Legislativa, onde deveria prestar seus serviços. Quanto à atividade paralela de piloto, ela é compatível com a função pública, tendo em vista que sua carga horária semanal na ALMG era de 20 horas, de segundas às sextas-feiras, e comumente prestava serviço de piloto particular nos fins de semana ou mesmo em dias úteis em horários compatíveis com a atividade pública".
Entenda o caso
Rogério Almeida Antunes e outras três pessoas foram presas pela Polícia Federal na cidade de Afonso Cláudio (ES) no dia 24 de novembro enquanto transferiam a droga para o porta-malas de um carro. Os entorpecentes estavam avaliados em R$ 10 milhões.
O helicóptero, do modelo Robinson R66, está registrado em nome da Limeira Agropecuária e Participações Ltda, que é controlada pelo deputado, com sede em Pará de Minas, região central do Estado.
Os quatro homens presos com a droga foram soltos porque a Justiça considerou que a operação foi ilegal: