Foi em um momento de desespero que a tia de Felipe Pereira Rocha, de 18 anos, pediu ajuda à Polícia Militar. O rapaz estava acorrentado em um quarto, dentro de casa. Uma das pernas do garoto estava presa ao teto por uma corrente de quase três metros de comprimento.
Rocha foi preso em casa pelo próprio pai. Usuário de crack e maconha, ele estava sendo ameaçado de morte por traficantes. O pai disse que acorrentou o filho em casa para que nada de mau acontecesse com o jovem.
— Ele está todo machucado porque os outros bateram nele na rua. Ele está sendo ameaçado, está com problemas psicológicos, mexendo com mulher dos outros. Uma hora vão matar ele. Eu prefiro ver meu filho acorrentado do que ver ele morto.
A irmão do jovem, Josiane Lopes, contou que ele usa crack há dois anos e se envolveu com traficantes. Nos últimos dias, surtou e começou a andar armado pelo aglomerado onde mora, na região leste de Belo Horizonte.
A família já procurou ajuda, mas sem sucesso. Mesmo com encaminhamentos para internação, os parentes não conseguiram vaga para que o rapaz seja tratado.
Ainda segundo o pai, Rocha já foi agredido na rua e vendeu objetos de casa para comprar droga. Ele disse ainda que já tirou dinheiro do próprio bolso para pagar dívidas que o filho fez com traficantes.
Depois de ser desacorrentado, o rapaz foi levado para o Centro de Referência em Saúde Mental, onde deve ficar pelos próximos dias até se recuperar. O pai vai ser qualificado como autor de maus-tratos.