Casa onde mora o prefeito de Contagem foi adquirida por R$ 3.4 milhões
Divulgação / Polícia CivilInvestigado pelo Ministério Público Estadual de Minas, o secretário de Defesa Social de Contagem, Décio Camargos de Aguiar Junior, viu seu patrimônio crescer 280% em dois anos, segundo a Justiça Eleitoral. O titular da pasta alegou que o aumento dos bens aconteceu em função da incorporação do patrimônio do pai dele a suas finanças.
Decinho, como é mais conhecido, e o prefeito de Contagem, Alex de Freitas (sem partido), foram alvos, nesta quarta-feira (17), da operação "Mi Casa Su Casa", desencadeada pelo MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) e Polícia Civil para investigar indícios de lavagem de dinheiro e ocultação de bens no caso de uma mansão. Os investigadores cumpriram mandados de busca e aprensão de documentos nas residências e nois gabinetes dos dois investigados.
Segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral, em 2016, quando se candidatou a vereador, Decinho declarou possuir R$ 5.034.000,00 em bens. Dois anos depois, o político tentou se eleger deputado estadual e informou ter R$ 19.016.274,05.
Na declaração de bens de 2016, o secretário declarou uma caminhonete Toyota Hilux, uma moto BMW, uma Mercedes, um apartamento e dois terrenos, sendo um deles avaliado em R$ 4 milhões. Já na candidatura a deputado, a lista aumentou de seis para 26 itens. Entre eles aplicações, imóveis, veículos e dinheiro em espécie. O bem mais valioso é uma casa estimada em R$ 7,5 milhões.
Em entrevista, o delegado Fernando Lima afirmou que a evolução patrimonial de Decinho chamou a atenção. "Foi algo astronômico, justamente no período de 2017 e 2018 ele já estava auxiliando o prefeito na prefeuitura de Contagem quando ele apresentou maior enriquecimento patrimonial", declarou.
Segundo o delegado, existe a suspeita que os bens, na realidade, não pertençam ao secretário. "Nós não descartamos a possibilidade de que o Décio seja um laranja".
De acordo com as investigações, o secretário adquiriu uma mansão, onde mora o prefeito, por cerca de R$ 3 milhões. Desse montante, cerca de R$1 milhão foi pago em espécie.
Apesar do pagamento ter sido realizado, o imóvel ainda está registrado no nome da antiga proprietária. Ainda em entrevista, o delegado Fernando Lima disse que o prefeito Alex de Freitas disse, hoje, ter alugado a casa, mas não apresentou comprovante.
Outro lado
Em nota, o prefeito Alex de Freitas se disse "indignado com a operação policial" e que a investigação poderia ter sido resolvida "pelo mero envio de documentos oficiais e declarados à Receita". Ele também diz que aluga um imóvel que pertence a Décio Camargos e que o contrato de locação atende às regras vigentes no município.
Confira a nota, na íntegra:
1. O prefeito Alex de Freitas sempre esteve e continua à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento e disponibilizar todos os documentos aos órgãos de controle e fiscalização do Poder Executivo. Essa é uma obrigação do gestor público.
2. Em relação à operação desencadeada pela Polícia Civil nesta quarta-feira, 17 de julho de 2019, o prefeito de Contagem, Alex de Freitas, esclarece:
a. O prefeito aluga um dos imóveis, em Contagem, de propriedade de Décio Camargos;
b. O contrato de locação atende a todas as regras previstas na legislação;
c. Os alugueis do imóvel onde o prefeito reside são declarados no Imposto de Renda de Alex de Freitas, o que pode ser comprovado por extrato bancário.
3. Diante do exposto, é impossível não ficar indignado com uma operação policial para investigar um assunto que poderia ser esclarecido pelo mero envio de documentos oficiais e declarados à Receita.
4. A cidade de Contagem pode ter certeza que o trabalho, a coragem e o empenho do prefeito Alex de Freitas não serão afetados por operações consideradas, no mínimo, duvidosas. Manteremos a cidade funcionando e os investimentos em obras e melhorias como tem sido a prática desta administração.