A família de um aposentado de 62 anos, de Itajubá, no sul de Minas, levou um susto ao receber uma correspondência do Ministério da Saúde no início do mês de junho. Embora o homem tenha morrido no dia 1º de fevereiro deste ano, após passar cerca de 20 dias internado no Hospital Escola, com pneumonia, a Carta SUS que chegou à residência pedia a ele avaliações sobre o serviço prestado. Mas o erro que incomodou ainda mais a família foi o fato de o documento informar que o paciente recebeu alta no dia 23 de janeiro, ou seja, uma semana antes de morrer na unidade de saúde.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, a Carta SUS é “uma ferramenta importante de comunicação” entre o órgão e os usuários. O objetivo é colher informações sobre o atendimento no sistema público de saúde e, assim, efetuar melhorias. No documento, constam a data de entrada do paciente na unidade de saúde, o dia em que ele encerrou o tratamento e o valor total do serviço. No caso do aposentado, foram R$ 5.180,10.
Para os familiares dele, os dados incorretos podem apontar irregularidades, como conta a filha do paciente, que preferiu não se identificar.
— Simplesmente não acreditamos no que vimos. Bateu uma revolta muito grande de ver um familiar ser tratado dessa forma. Pensamos: como o hospital teve a audácia de mandar para o SUS uma informação errada deste tipo? O que eles estavam tentando esconder, sabe?
Resposta
Em nota enviada à reportagem do R7, o Ministério da Saúde informou que vai investigar o caso. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, caso comprovada a irregularidade, será aberta uma auditoria para apurar quem foram os responsáveis e quais devem ser as medidas adotadas. Ainda conforme o comunicado, o intuito da carta Sus é ampliar a transparência do sistema, “servindo de controle contra o desperdício de recursos”.
O texto ressalta ainda que, nos casos em que são verificadas informações divergentes, é averiguado se houve desvio de recursos ou má aplicação de verba pública. O Ministério da Saúde encerra pedindo para que o familiar ou pessoa próxima ao paciente entre em contato para denunciar o problema.
No entanto, a família do paciente não obteve resposta quando tentou ligar no número 136, contato indicado na correspondência.
— O que fica mesmo é o sentimento de revolta, depois de tudo que ele teve que passar e nós também. E ainda assim, mesmo depois de falecer, a família ainda ter que aguentar este tipo de coisa.