Moradores de Santana da Vargem (MG) voltam às urnas em novembro
Divulgação / Prefeitura de Santana da Vargem (MG) - Talisson PereiraUm ano após as eleições municipais de 2016, o futuro político de 1.071.176 mineiros é incerto. Nas 31 cidades onde vivem, pode ser necessário a convocação de novas eleições a qualquer momento, uma vez que os prefeitos mais votados ainda respondem a algum processo eleitoral que pode impedi-los de comandar o município. Entre os problemas apurados pelo R7, a rejeição de contas referentes a mandatos anteriores é o mais recorrente. Além disso, alguns locais assistem a uma dança das cadeiras entre parentes que mantêm o legado da família nas prefeituras.
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A pequena cidade de Santana da Vargem, com 7.322 habitantes, na região sul do Estado, é a próxima a voltar às urnas, fora de época, em eleição suplementar que está prevista para acontecer em novembro. Lá, assim como em outros seis municípios mineiros, o prefeito mais votado nem chegou a assumir o cargo. Desde o dia 1º de janeiro deste ano, a prefeitura é comandada pelo presidente da Câmara de Vereadores. A decisão aconteceu após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitar a declaração de contas do eleito Argemiro Galvão (PDT), de 2005, quando ele era prefeito na cidade.
Os partidos têm até meados de outubro para lançar as candidaturas para a nova eleição. De acordo com o presidente da Câmara e prefeito interino de Santana da Vargem, vereador Renato Silva, o PDT pretende lançá-lo como candidato para fazer o sucessor do prefeito afastado, assim como aconteceu em outras cidades.
Governo em família
Jane Irma da Janet (PT) assumiu a Prefeitura no lugar da irmã
Reprodução / Facebook - Prefeitura de São Bento AbadeEm São Bento Abade, também no sul do Estado, a troca do posto ficou em família. Janete Rezende Silva (PSDC), foi impedida de assumir o cargo por também ter problemas na declaração de contas antigas. Em nova votação, os moradores elegeram a candidata Jane irmã da Janete (PT), sendo que o nome de urna já indica o parentesco com a política afastada. A dança das cadeiras em família se repetiu em Guaraciama, no norte do Estado, onde o prefeito mais votado, Adevaldo Praes (DEM), não assumiu por problemas nas contas e com licitações. No lugar dele, foi eleito o advogado conhecido como Rafael de Carlucio (PMDB), que é filho de Carlucio Veloso, que era vice de Praes.
Clarice (DEM) concorreu à Prefeitura contra o cunhado
Reprodução / TSE (Tribunal Superior Eleitoral)Já em Canaã, na Zona da Mata, o parentesco foi responsável por impedir a manicure Clarice Omar Gomes (DEM) de assumir o Executivo municipal. Ela é cunhada do então prefeito da cidade Sebastião Hilário Bitencourt, o Tião (PP). Os dois disputaram o cargo em chapas separadas. Para o TRE-MG (Tribunal Eleitoral de Minas Gerais), o ato foi ilegal, uma vez que Tião já era prefeito e não podia ter um familiar concorrendo. Ainda assim, nas eleições suplementares, Tião foi reeleito e o clã se manteve no poder.
Senado aprova projeto que cria fundo de financiamento eleitoral
Helcimara Telles, doutora em ciência política pela USP (Universidade de São Paulo) e professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), alerta para os problemas que uma nova eleição podem acarretar, como custos e a descrença na eficácia do processo. Ainda assim, ela acredita que os resultados são positivos para a população.
— Pode ser lido como um sintoma de que a sociedade tem exigido mais qualidade dos representantes eleitos e tem tolerado menos prefeitos que se desviam de posturas éticas.
* Com supervisão de Flávia Martins y Miguel