Empurrões, golpes na cabeça e chutes. É disso que Henrique Papini, de 22 anos, se lembra da madrugada do dia sete de setembro de 2016. O estudante de medicina, foi espancado pelo ex-namorado da garota com a qual ele estava saindo, em frente a uma boate em Belo Horizonte. Os atos de violência tiveram, ainda, apoio de três amigos de Rafael Bicalho, de 20 anos, que estava insatisfeito com o fim do relacionamento com a namorada Marcela.
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Sete meses após ser brutalmente agredido, Papini falou, pela primeira vez com a imprensa e revelhou à equipe da RecordTV Minas detalhes da noite do crime, a relação com o agressor, as sequelas do espancamento e como tenta retomar a rotina. Imagens de um circuito de segurança flagrou toda a ação. Na gravação, é possível ver Papini sendo abordado pelos quatro jovens de classe alta da capital mineira. O estudante de medicina contou que sabia que os futuros agressores estavam na mesma festa que ele, mas até então, eles não haviam se encontrado.
— Eu estava indo embora para pegar um táxi com o meu amigo e fui abordado por várias pessoas, que eu não sei quantos. Fui derrubado, pela primeira vez, mas consegui levantar e me recuperar, ainda sem entender o que estava acontecendo. Eles me derrubaram, de novo, e começaram a chutar a minha cabeça.
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Com o ataque, o jovem ficou inconsciente e diz não se lembrar de muita coisa. Ainda assim, ele contou que tinha certeza do envolvimento de Bicalho no crime. Papini conheceu a ex de Bicalho na faculdade, em Barbacena, na região central de Minas Gerais. O início do relacionamento despertou a ira do jovem e dos amigos dele.
— Ele já tinha me ameaçado e me perseguido de carro. Ele também já tinha chutado o carro que eu estava dirigindo e me mandou uma mensagem me ameaçando.
Após o crime, Bicalho chegou a ser preso em, setembro do ano passado, mas conseguiu um habeas corpus. Tiago Mota, que teria ajudado a bater, também responde por tentativa de homicídios e impossibilidade de defesa da vítima. Por causa das agressões, Papini chegou a ficar 25 dias internado.
— O que me surpreendeu foi os médicos falando que foi um milagre eu ter sobrevivido e, ainda, com tão poucas sequelas.
Os médicos conseguiram reverter um hematoma cerebral, mas o universitário teve ainda traumatismo craniano, múltiplas fraturas, paralisia facial, e está surdo do ouvido esquerdo. Ele contou à equipe que sente falta de equilíbrio e não consegue realizar atividades como correr e jogar futebol. Ele também relatou que está com dificuldades para sentir o cheiro e o gosto das coisas. Com as sequelas, ele teme não concretizar alguns sonhos de infância.
— Desde pequeno eu queria ser médico por causa do meu avô. Não sei agora se, com essa perda auditiva, vai ser possível entrar na Polícia Militar.
Sete meses depois da agressão, Papini se lembra diariamente do espancamento e tenta superar. Ainda assim, perdão é algo incerto.
— Ultimamente eu tenho preocupado mais com a minha saúde do que pensado em perdão. Mas eu não desejo mal a eles. Deixo agora o caso na mão da Justiça para que ela faça a parte dela.
Segundo a mãe de Papini, com tamanha repercussão, o caso do espancamento do filho pode virar filme.
— Uma cineasta de Nova Iorque estava no Brasil, ficou sabendo do crime e ficou chocada com a motivação. Ela já saiu do Brasil há mais de 30 anos e não acreditou que esse tipo de coisa ainda pudesse acontecer.
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