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Com voto contrário do BNDES, Vale aprova bônus milionário a diretores

Vale justifica a premiação alegando que a diretoria cumpriu metas de sustentabilidade e de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem

Folha de Pernambuco|

Vale justifica a premiação alegando que a diretoria cumpriu metas de sustentabilidade e de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem
Vale justifica a premiação alegando que a diretoria cumpriu metas de sustentabilidade e de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem Vale justifica a premiação alegando que a diretoria cumpriu metas de sustentabilidade e de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem

Os acionistas da Vale aprovaram em assembleia nesta quinta (31) pagamento de bônus de R$ 19,1 milhões ao diretores da companhia como prêmio por metas alcançadas em 2019, quando o rompimento de barragem deixou 270 mortos em Brumadinho (MG).

Além de pagar bônus pelo desempenho em 2019, a Vale retomou as premiações de 2018, que haviam sido suspensas logo após o desastre, excluindo da lista de beneficiados os executivos que estão sob investigação. O valor dos bônus de 2018 chega a R$ 29,8 milhões.

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A votação teve uma série de protestos de minoritários ativistas, entre eles representantes de comunidades afetadas pelos desastres de Brumadinho e Mariana (MG), que não chegam a ter participação acionária relevante mas participam das assembleias para se posicionar com relação aos rumos da empresa.

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Minoritário com participação relevante na companhia, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) votou contra. O banco não detalhou o motivo, mas disse que se compromete com "o cumprimento de uma série de princípios de governança corporativa em linha com as melhores práticas do mercado".

A proposta de remuneração, que dobra o valor destinado ao pagamento da diretoria, foi aprovada por acionistas detentores de quase 60% das ações da mineradora. Os dois maiores acionistas são Bradesco e Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que não responderam a questionamento da reportagem sobre seus votos.

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A advogada Alexandra Montgomery, declarou considerar inadequado conceder reajustes salarias e retomar premiações suspensas em 2018 porque ainda não houve conclusão dos processos criminais sobre o rompimento da barragem."

Ainda não se pode afirmar que outras pessoas não estejam envolvidas nos crimes que estão sendo apurados", defendeu. "No momento, nenhum funcionário do alto escalão desta empresa, que já a compunha em janeiro de 2019, deve ser isentado da possibilidade de que tenha participação."

Na direção atual, apenas quatro executivos estavam na empresa quando a barragem se rompeu: os diretores de Finanças, Luciano Siani, de Suporte ao Negócio,

Alexandre Pereira, de Relações Institucionais, Luiz Eduardo Osório, e o atual presidente, Eduardo Bartolomeo, que era diretor de Não Ferrosos.

Os outros, incluindo o presidente na época do desastre, Fabio Schvartsman, foram afastados. Em janeiro, Schvartsman e outros dez funcionários da mineradora foram denunciados pela Promotoria de Minas Gerais por homicídio doloso duplamente qualificado - quando existe a intenção de cometer crime.

A Vale e a alemã Tüv Süd, que assinou o certificado de estabilidade da barragem, foram denunciados por crime ambiental. Relatório produzido por comissão independente contratada pela mineradora concluiu que a empresa sabia dos riscos da barragem desde 2003.

Montgomery diz que, para os novos executivos, "também não parece adequado eticamente que recebam uma remuneração da magnitude que é proposta, num contexto que se desenha como de crise social e econômica com a pandemia."

As incertezas econômicas também foram citadas pelo minoritário Bruno César Teixeira, de Mariana. "Estamos vivendo um momento delicado da história recente da humanidade, a pandemia representa um futuro econômico incerto, assim como a demanda pelos insumos da indústria exportados pela empresa", afirmou ele.

Para reforçar seu caixa durante a pandemia do coronavírus, a Vale recorreu a linha

de crédito de US$ 5 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões, ao câmbio atual). A empresa estima impactos em seus gastos de ao menos US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões).

A Vale justifica a premiação referente a 2019, ano em que teve prejuízo de R$ 6,7 bilhões, alegando que a diretoria cumpriu metas de sustentabilidade e de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem, que ocorreu em janeiro daquele ano.

"A liderança da empresa demonstrou engajamento total com a construção de uma empresa melhor e compromisso com a transformação cultural no futuro da Vale", disse a mineradora, em nota enviada à reportagem. A premiação, portanto, "é uma forma de agradecer e recompensar" os executivos.

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