Após 23 anos de operações a fábrica de motores da Fiat em Campo Largo/PR irá encerrar suas atividades. A unidade que foi construída em 1999 à época pela Chrysler e BMW foi adquirida pela Fiat em 2008. Mas por que essa fábrica irá fechar as portas?
Atualmente a Fiat só produzia nesta unidade os motores e.TorQ, que são uma atualização da linha Tritec, e que só atendia o mercado de exportação em baixo volume com 210 funcionários que deverão ser realocados. Esse motor era usado na Fiat Toro de exportação e no passado recente esses motores equipavam a Toro nacional além do Jeep Renegade, além das linhas Punto, Palio, Argo, Strada e Siena. Com a chegada do Proconve L7 que estabelece limites ainda mais baixos de emissões para motores produzidos no Brasil, o e.TorQ saiu de linha.
Hoje os motores usados tanto pela Fiat em Betim/MG quanto pela Jeep em Goiana/PE, são produzidos no polo de Betim. É o caso da família Firefly 1.0 e 1.3 além do motor 1.0 e 1.3 turbo desde 2021.
A nova unidade de motores de Betim foi anunciada em 2019 e passou a operar dois anos depois fruto de um investimento de R$ 400 milhões. Toda a produção de motores no Polo de Betim emprega pouco mais de 2.000 pessoas e teve uma primeira fase iniciada em 2016 após um investimento de R$ 2 bilhões.
Histórico da fábrica
A linha de motores paranaense atendeu a FCA, hoje grupo Stellantis, por 14 anos mas era fruto de uma joint-Venture entre a Chrysler (à época Daimler-Chrysler) com a BMW (à época do grupo Rover). Anunciada em 1998, a fábrica ficou pronta em janeiro do ano seguinte e a partir de setembro começaram a chegar os primeiros carros equipados com os motores desta unidade.
A linha produziu motores quatro cilindros para os modelos Mini e Chrysler PT Cruiser. Também atendeu a produção de motores para outras marcas no mercado interno e também exportação.
A partir de 2008 a Fiat Powertrain Technologies (FTP) adquiriu essa fábrica após desenvolver uma atualização do motor 1.8 da GM que era usado à época em modelos Fiat. Foi o caso do Stilo, Doblò e Idea que vinham com motor 1.8 8V da Chevrolet até 2010. Assim, pouco tempo depois chegava uma versão atualizada desse motor: o 1.6 e 1.8 e.TorQ que estreou na linha Palio Weekend e se estendeu por toda a linha de carros da Fiat.
Com a chegada de novas regras de emissão era natural que a linha de Campo Largo não fosse mais interessante para o grupo Stellantis. A produção de motores das marcas Jeep e Fiat é concentrada em Betim melhorando condições logísticas. Carros importados que eram equipados com os motores e.TorQ também serão substituídos por motores turbinados.