A convenção do PSDB foi marcada, neste sábado, pela ausência de Aécio Neves, sequer citado nos discursos, e pelo ostracismo de José Serra - ambos, alvejados por investigações policiais, deixaram o caminho livre para a unificação do partido em torno da campanha do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Discursos afinados pró-Alckmin vieram de tucanos de diversas correntes, puxados por Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jereissati. Mas foi o democrata ACM Neto quem lembrou o longo estágio forçado na oposição, pelo qual as duas legendas tiveram de passar. Durante o período, o DEM se viu arriscado a desaparecer do mapa político. Ressurge agora ao lado do aliado de décadas e assume a dianteira da coalizão conservadora que pretende ser sócia do projeto tucano de poder.
A social-democracia de Alckmin não é a de Fernando Henrique, das campanhas de 94 ou de 98. A coligação de 9 partidos de hoje pende fortemente para a direita. A chapa lançada tem clara marca conservadora, acentuada pela escolha de Ana Amélia Lemos como vice, e buscará resgatar o eleitor desgarrado, que aderiu ao extremismo representado por Jair Bolsonaro.
A aposta tucana é tomar a vaga do ex-capitão no segundo turno, pela via da política tradicional, com ampla aliança partidária, tempo de tv e discurso de conciliação nacional. Uma vez vencida esta etapa, o PSDB se prepara para jogar o jogo de sempre: o da polarização com o PT, num segundo turno em que o adversário poderá eventualmente chegar, mas duramente alvejado pela Lava Jato.