O clima de ressaca dominou o dia seguinte ao turbulento episódio da passagem do ministro da Economia pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Enquanto alguns publicamente tentavam minimizar o episódio, nos bastidores o ambiente era de troca de acusações. “Não sou líder do governo, sou presidente da CCJ”, disparou Felipe Francischini (PSL/PR), presidente da comissão, ao ser criticado por não ter havido alternância entre governistas e oposicionistas na interpelação ao ministro. “Não fui eu quem coloquei o ministro na cova dos leões”, declarou Delegado Waldir (PSL/GO), líder do PSL na Câmara, em crítica velada ao colega de partido, deputado Major Vítor Hugo e a líderes do Centrão, que teriam acertado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a ida “pacífica” de Guedes à CCJ.
A ausência da líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, causou surpresa a aliados e oposicionistas. A deputada é vista como das mais importantes e combativas defensoras do governo, mas não compareceu às mais de seis horas de sessão de audiência. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estiveram na comissão, mas sem direito à palavra.
Francischini buscou, nesta quinta, minimizar o incidente e sustenta que a atmosfera de confronto e polarização na CCJ não vai contaminar a votação da admissibilidade da PEC da Previdência, prevista para o dia 17. “O deputado eleito pelo povo tem a prerrogativa de exercer o seu mandato com palavras e opiniões e votos. Não sou eu que vou coibir”, declarou o deputado, ressalvando que não aceitará bate-bocas fora do microfone e troca de insultos.