Militares precisam ter poder de prisão, diz general
ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDOPrimeiro comandante da Missão das Nações Unidas, no Haiti, e Comandante da Amazônia, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira tem vasta experiência em intervenções militares e é um dos oficiais mais respeitados pela tropa, apesar de estar na reserva desde 2011.
Em entrevista à Coluna, ele disse que a intervenção federal no Rio de Janeiro precisa ser "pontual, curta e contundente" e "em três meses já tem que mostrar resultado", sob pena das Forças Armadas perderem credibilidade. Entende que a "população não aguenta mais a violência" e que "os bandidos perderam o respeito".
Depois de fazer vários elogios ao general Walter Braga Neto ("com certeza fará um trabalho melhor do que eu faria"), o general Heleno defendeu segurança jurídica para que os militares possam atirar nos criminosos armados. " O ato ou intervenção hostil permite que você reaja. Você não pode ter efeitos colaterais, mas se o sujeito estiver com armas de uso exclusivo das Forças Armadas, como fuzis e pistolas ponto 50, ele deve ser alvejado, para que vidas sejam economizadas", afirma. "Você não vai esperar o cara atirar, mas o alvo precisa ser compensador", prossegue.
Faz um alerta: "A missão não pode ser alongada e é importante o apoio do Judiciário. Se houver briguinhas, com excesso de liminares, não vai dar certo".
Para ele, o ideal é que sejam empregadas tropas de outros estados. "O militar que mora no Rio acaba ficando vulnerável porque seus familiares podem morar numa comunidade invadida, e quando as tropas saírem, a família pode ser atingida", ressalta. O general considera fundamental também o uso massivo de helicópteros para um deslocamento ágil e eficiente.
Ele chega a sorrir quando perguntado se o poder de polícia é imprescindível para o êxito da missão: "Se não tivermos isso, é melhor irmos todos para o Maraca", diz. "Vamos imaginar que o Exército pegue alguém com uma carga enorme de cocaína, não poderá prendê-lo? Não tem sentido isso", garante.
Destaca também que a intervenção federal precisa vir acompanhada de um endurecimento maior na aplicação da lei:" O Judiciário precisa rever os benefícios dados aos bandidos, como audiência de custódia e progressão de pena", afirma.
Além das medidas repressivas, o general reforça a necessidade de ações construtivas, como escolas e postos de saúde, para que "o morador não sinta falta do bandido". Crítico feroz do que chama de "ideologias contaminadas", ressalta que "chegou a hora de formar cidadãos e não criar funkeiros".
Embora esteja "apreensivo", o general Heleno acredita que a ação será bem-sucedida.
O motivo é simples.
"Pior do que está, não pode ficar", garante.
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