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Evidências, conveniências, aparências. E a amizade?

Tem sido muito comum o interlocutor olhar o outro não pelo que ele é, mas pelo que ele lhe interessa

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

A decoração moderna do restaurante contrastava com a simplicidade dos casais de amigos. Encontraram-se no bar, depois foram à mesa, passando ao lado de um balcão onde ficavam o pizzaiolo e seus temperos.

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No primeiro assunto, ele intuiu algo fora do corriqueiro. Aquela não seria uma conversa à qual já estava acostumado nos últimos tempos.

Habituou-se a conviver com o fardo de muitos procurarem o status social que lhes convém. E naquele momento isso não estava pesando.

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O velho amigo o olhava com consideração. Não que ele se deixasse levar pela fragilidade. Entre altos e baixos, se orgulhava de alguns de seus feitos.

Mas notava que, mesmo diante de antigos conhecidos, prevalecia uma impaciência no ouvir o que ele tinha para dizer.

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Tem sido muito comum o interlocutor olhar o outro não pelo que ele é, mas pelo interesse que ele lhe desperta. Em termos financeiros, em termos de poder, em termos materiais.

Se não despertar um desses três itens, as palavras se tornam fragmentadas, a atenção se desvia para a janela da rua, a pressa transborda querendo mostrar o quão incômoda está a simples conversa.

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Para os mais sensíveis, isso toca fundo. Eles não se conformam. Guardam indignação em relação a esta realidade.

Sentem rompantes de fragilidade, mas se debatem até recuperar o ânimo e saber que tudo isso, apesar da indiferença, não é capaz de tirar o que têm de melhor.

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Mas naquele restaurante, a norma era outra. O amigo só queria dele o que ele tinha para dar. O seu melhor. O que ele era. E sentia que o outro via isso como riqueza. Por isso se percebeu à vontade.

E sentiu até vontade de chorar diante de tamanha evidência, de que, no fim das contas há algo mais importante por trás das aparências e das conveniências.

Como diria Shakespeare: ser ou não ser? O resto é fuga. Mesmo assim, conteve as lágrimas, para não parecer estranho. Apesar de saber que, naquele momento, seria compreendido.

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