Com longos cabelos escuros, um rosto belo e assustado, Manaal Munshi, de 14 anos, não é uma terrorista. É somente uma menina, esta sim, envolta em terror e sendo agredida na escola em que estuda em Boca Raton, na Flórida, simplesmente por ser muçulmana.
Ela vinha sofrendo "bullyng" há muito tempo, por causa da origem de sua família. O ápice da brutalidade, porém, ocorreu nesta semana, quando ela foi espancada por várias colegas e, deitada no gramado, apenas mantinha a postura encurvada para não sofrer ainda mais com os socos e pontapés que vinham de todos os lados.
As meninas agressoras, todas de famílias bem estabelecidas, bem vestidas, se transformaram em seres selvagens, como se estivessem retrocedido à Idade da Pedra.
As cenas mostram o grau de intolerância e de xenofobia que tomou conta de parte da população americana, com generalizações banais e injustas contra os muçulmanos.
A agressão foi filmada por celular e gerou comoção nas redes sociais. Muitas alunas, em vez de apartarem, se "solidarizavam" no ato de agredir covardemente. Apenas uma esboçou uma tentativa de impedir a atrocidade, mas se intimidou diante da fúria das colegas.
O pai de Manaal, Shakeel Munshi, deu declarações afirmando que essas imagens, nas quais as meninas não se constrangem em acertar a sua filha com as mãos abertas ou com os punhos cerrados, foram motivadas por intolerância religiosa. E que ela era perseguida há tempos.
— A atacavam no colégio por ela ser muçulmana, diziam que ela era terrorista. Claramente houve um crime de ódio. Estavam golpeando ela e ninguém a salvou.
As investigações da Polícia do Condado de Palm Beach, porém, não estão sendo pautadas por essa linha.
Mas este tipo de ataque não tem sido raro no país e no Estado sulista. Segundo o Miami Herald, o Cair (Conselho de Relações Islâmico-Americanas), na Flórida, tem recebido denúncias sobre casos semelhantes.
Extrema direita comete mais ataques que terrorismo islâmico nos EUA
O diretor de comunicações da entidade, Wilfredo Ruiz, disse ao Herald que uma outra adolescente está hospitalizada pelo mesmo motivo, destacando que por ano a instituição recebe milhares de chamadas de pais que denunciam perseguições aos filhos muçulmanos nas escolas.
Manaal ficou com os dois olhos roxos e hematomas por todo o corpo. Em Alá ela já acredita. Seu sonho agora é um dia poder voltar a acreditar no ser humano. Mas, pelo menos, a indignação posterior à agressão mostra que ela não está só.