É uma obra de décadas e que merece comemoração: a população negra, finalmente, tornou-se maioria no ensino superior público. Os pretos e pardos (55,8% dos brasileiros) pela primeira vez ultrapassaram a metade das matrículas (50,3%) nessas instituições educacionais, em 2018.
Esse espaço não foi ocupado de forma simples, tampouco gentil. Até hoje sofrem preconceito aqueles que se beneficiam das políticas públicas que proporcionaram o acesso e permanência nas salas de aula dessa população historicamente alijada de cidadania.
É uma luta que continua, até que nosso racismo estrutural seja isolado em mentes obtusas e minoritárias. O preconceito em nossa sociedade é violento, brutal e se manifesta nas situações mais cotidianas, bem como em filtros que definem emprego, salário, oportunidades de mobilidade e, no limite, a própria vida.
A pesquisa, do IBGE, mostra que a população negra está melhorando seus índices, apesar de ainda se manter bem atrás dos indicadores quando medidos entre as pessoas brancas. Somos um país desigual e injusto, para todos. Mas no caso dos negros, todos os estigmas do subdesenvolvimento e da concentração de renda se acentuam.
Negros ganham 42,5% menos e ocupam 30% dos cargos de chefia. É só um exemplo, entre inúmeros. Por isso, constatar a consolidação da presença desses brasileiros nas faculdades e universidades públicas é bem mais que um suspiro de esperança. É um marco de justiça.