Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo
Divulgação/Equipe de TransiçãoAdmirador entusiasmado de Donald Trump, o embaixador escolhido por Jair Bolsonaro para comandar o Ministério das Relações Exteriores também é um crítico feroz do marxismo e do PT.
No ano passado, ele causou burburinho ao publicar na revista do Itamaraty o artigo "Trump e o Ocidente". Nele, faz uma defesa apaixonada da política do presidente americano e critica a globalização.
O texto causou revolta entre os diplomatas alinhados com a política dos governos petistas, mas deu alento à turma que gravitava em torno de Bolsonaro. O filósofo Olavo de Carvalho, um dos "gurus" da direita, recomendou a leitura em um dos seus posts.
Leia abaixo dois trechos:
"O certo é que Trump desafia nossa maneira usual de pensar. Aceitemos esse desafio. Não nos satisfaçamos com uma caricatura, com as matérias de 30 segundos que aparecem no Jornal Nacional e tentam sempre mostrar um Trump desconexo, arbitrário, caótico. Assim como Ronald Reagan – formado por uma universidade insignificante no meio dos milharais de Illinois, narrador esportivo medíocre, ator de pouco talento – conseguiu aquilo em que gerações de políticos sofisticados e aristocratas da Ivy League falharam, isto é, derrotar o comunismo, assim também Donald Trump – esse bilionário com ternos um pouco largos demais, incorporador de cassinos e clubes de golfe – parece ter hoje uma visão de mundo que ultrapassa em muitas léguas, em profundidade e extensão, as visões da elite hiperintelectualizada e cosmopolita que o despreza."
"Trump, ao falar de alma, desafia frontalmente o homem pós moderno, que não tem alma, que tem apenas processos químicos ocorrendo aleatoriamente entre seus neurônios. Trump fala de Deus, e nada é mais ofensivo para o homem pós moderno, que matou Deus há muito tempo e não gosta que lhe recordem o crime. Essas expressões de Trump parecerão a muitos, no mínimo, manifestações de mau gosto, a outros parecerão laivos de fascismo. Sim, vivemos em um mundo onde falar dos heróis, dos ancestrais, da alma e da nação, da família e de Deus é, para grande parte da ideologia dominante, uma indicação de comportamento fascista. O problema estará com Trump ou estará com essa ideologia contra a qual ele se insurge? Os capangas de Stálin, os de Mao Tsé Tung e os de Pol Pot também chamavam tudo de fascista: ter um livro era fascista, amar os pais ou os filhos era fascista, venerar os símbolos tradicionais era fascista, tudo o que pudesse remotamente contestar o poder dominante do estado era fascista e levava o cidadão para o gulag, para o campo de reeducação ou para a fossa comum. Nossa ideologia “liberal” pós moderna incorporou esse reflexo. Ela (ainda) não pune as expressões de fascismo com a internação em gulags ou com a execução sumária, mas sim com o ridículo, com o ostracismo."
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