Mbappé, o Coliseu e Neymar deitado
Montagem/Getty ImagesUm brasileiro, de 17 anos, foi preso após escrever a inicial de seu nome em um dos monumentos mais emblemáticos do mundo: o Coliseu, em Roma.
Neymar perdeu quase cem milhões de reais de valor de mercado após virar piada mundial com suas quedas exóticas nos gramados russos.
Kylian Mbappé doou tudo o que ganhou na Copa do Mundo (cerca de R$ 1,7 milhões) para uma instituição de caridade francesa.
O que essas informações têm em comum?
Juntas e misturadas elas refletem a essência de como o brasileiro é reconhecido no mundo do futebol e fora dele.
As tentativas de trapacear a lisura de um jogo de Copa do Mundo estão na essência do gesto de vandalizar a memória da humanidade. São frutos da nossa "malandragem", da "esperteza" que nos carimba e nos marca como uma tatuagem maldita, da qual, inultimente, alguns tentam se livrar, mas não conseguem.
Os brasileiros que não compactuam com ela sabem o quanto é pesado o fardo de carregar no Exterior essa imagem de uma gente que grande parte dos estrangeiros identifica como tratante, irresponsável ou coisa pior.
E o que Mbappé tem a ver com isso?
O craque francês é uma das vítimas desse "jetinho brasileiro". Como se sabe, ele joga com Neymar e outros três brasileiros no PSG; e costuma ser achincalhado pelo moço do rola-rola. Ele e Daniel Alves chamam o rapaz de "Donatello", como uma das tartarugas ninjas. A mensagem, entendida pela própria mãe do novo fenômeno esportivo, é a de que ele só teria valor por causa da sua velocidade.
Nós, brasileiros, sabemos bem o que é isso.
Por aqui, ao invés de reconhecermos o talento alheio, preferimos ridicularizá-lo. Como já disse Tom Jobim, "fazer sucesso no Brasil é ofensa pessoal". Provavelmente, a zoaria contra Mbappé tende a aumentar no vestiário. Onde já se viu dar quase 2 milhões de reais para os mais pobres?
Quantos carrões deixará de comprar.
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