O PT nasceu em 1980, fruto do casamento de sindicalistas do ABC com uma miríade de militantes de esquerda, muitos exilados e que não aceitavam a liderança de Leonel Brizola, o político mais vistoso no enfrentamento ao regime militar.
Veio ao mundo sob as bençãos dos padres ligados à Teologia da Libertação e já com apoio forte entre a estudantada, os intelectuais, a classe artística e a quase totalidade dos jornalistas.
Era um bebê raivoso, rebelde, barulhento e carregava uma poderosa áurea, que prometia novos tempos na política brasileira.
Apesar de muitos dos seus apoiadores terem participado da luta armada, o jogo a ser jogado deveria ser vencido apenas nas urnas. E tem sido um adversário duríssimo. O PT fez oposição a todos os projetos de Collor, Itamar e Fernando Henrique. Todos. Não importa se beneficiassem o Brasil, como o Plano Real. Com os petistas, não havia negociação.
As seguintes derrotas presidencias combinadas com o gosto do poder em cidades importantes, como Fortaleza e Porto Alegre, afrouxaram as condutas internas, e o PT fez o que fez, sobretudo, após 2002.
Os anos de poder absoluto fizeram muito mal para o partido, que caiu na vala comum de tantos que denunciava quando da sua fundação. A perda da pureza somada ao desgoverno de Dilma Rousseff quase enterraram de vez o partido, mas a força de Lula, mesmo atrás das grades, ainda é capaz de dar uma sobrevida aos petistas, que saíram das urnas mais fortes do que muitos analistas acreditavam.
Bem, entre momentos mais ou menos inflamados, de êxtase ou abatimento, o PT sempre jogou com as regras democráticas. Só que agora, talvez, pela certeza crescente de que Lula não sairá tão fácil da cadeia, o PT parece disposto a buscar novos caminhos.
Quer meter o dedo no olho do oponente.
Surrado por Jair Bolsonaro e atordoado pela ojeriza que a população brasileira demonstra a muitas de suas bandeiras, o PT anuncia que vai boicotar a posse do presidente eleito. Seus deputados e senadores vão trocar Brasília por Curitiba. Pretendem com isso mostrar repúdio a um governo que consideram arbitrário, comandado por militares.
Como assim?
O governo ainda nem começou, portanto, não pode ser condenado por algo que ainda não fez, os militares que chegam ao poder o fizeram seguindo os trâmites democráticos e 57 milhões de brasileiros votaram em Bolsonaro.
O PT parece aquelas crianças mimadas que só gostam do jogo quando vencem.