A investigação contra militares da FAB (Força Aérea Brasileira) que enviavam drogas para a Europa foi ampliada pela PF (Polícia Federal), que agora também mira um bingo que funciona em Itapoã, região carente do Distrito Federal, distante 20 km da Esplanada dos Ministérios.
A polícia aponta que o bingo "Rota Certa" movimenta R$ 1 milhão por mês e tinha como um dos organizadores o sargento Jorge Luiz da Cruz Silva, conhecido como Salve Jorge, preso na operação Quinta Coluna acusado de recrutar militares para o esquema de envio de drogas.
A PF apura o caso pela Delegacia Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado. O relatório, obtido pela reportagem, mostra que, por noite, o local fatura cerca de R$ 100 mil e tem segurança privada 24 horas por dia feita por policiais.
O local já foi investigado também pela Polícia Civil do DF, no ano passado, e fechado após operação da 6ª DP, mas reabriu e está em pleno funcionamento, mesmo durante a pandemia, sem distanciamento, como mostram fotos do inquérito obtido com exclusividade. A Divisão de Inteligência da PCDF auxiliou na investigação para identificar quem eram os cabeças do bingo.
A apuração sigilosa identificou policiais militares da reserva e da ativa envolvidos com o esquema criminoso. Segundo a polícia, a participação de policiais no comando da jogatina evitaria a presença de viaturas e abordagens no local que atrapalhassem a atividade. Agora, a PF quer saber qual a relação do bingo com o esquema de tráfico de drogas internacional e se o local é usado para lavagem de dinheiro.
O sargento Jorge Luiz Cruz trabalhava no gabinete do vice-governador do DF, Paco Britto, mas foi exonerado logo após a primeira fase da Operação Quinta Coluna. Além de Cruz, já foram presos o sargento Manoel Silva Rodrigues, o tenente-coronel Alexandre Augusto Piovesan, o segundo-sargento Márcio Gonçalves de Almeida e Wikelaine Rodrigues, mulher do sargento Manoel Rodrigues.
A defesa do sargento Jorge Luiz foi procurada pela reportagem, mas não retornou aos contatos.