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Proibição de Bíblia em bibliotecas e escolas reforça perseguição milenar

Para especialista, decisão caracteriza militância e não tem nada a ver com laicidade

Refletindo Sobre a Notícia por Ana Carolina Cury|Do R7 e Ana Carolina Cury

Recentemente, uma decisão polêmica chamou a atenção de especialistas. O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional uma lei aprovada por Mato Grosso do Sul que determinava que as escolas públicas e as bibliotecas do estado tivessem ao menos um exemplar da Bíblia

"A decisão é equivocada. Se existe uma liberdade religiosa e o Estado é laico, uma coisa não se confunde com a outra. [...] Isso é um absurdo", disse o advogado Alfredo Scaff Filho ao Portal R7.

Para o filósofo Pedro Henrique Alves, essa decisão não faz sentido em nenhuma instância. O especialista lembra a presença de obras questionáveis nesses locais, como o livro didático Araribá Mais Geografia, direcionado para alunos do 7º ano do ensino fundamental, que explica as origens do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST).

Lei em vigor desde 2004 que determinava que escolas e bibliotecas públicas mantivessem exemplares da 'Bíblia Sagrada' foi derrubada pelos ministros do STF
Lei em vigor desde 2004 que determinava que escolas e bibliotecas públicas mantivessem exemplares da 'Bíblia Sagrada' foi derrubada pelos ministros do STF Lei em vigor desde 2004 que determinava que escolas e bibliotecas públicas mantivessem exemplares da 'Bíblia Sagrada' foi derrubada pelos ministros do STF

"Como pode a democracia ser vilipendiada por um livro que fundamenta historicamente a civilização ocidental e dá os insumos filosóficos básicos que alicerça a ética moderna, conjunto esse que possibilitou a democracia moderna? Como pode ser mais importante a biblioteca de uma escola ter O Manual do Guerrilheiro, livros do MST, como Araribá Mais Geografia ou Crepúsculo do que a literatura que gestou a narrativa mais refletida e adotada na história da escrita humana?"

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Perseguição antiga

Esse questionamento é facilmente respondido quando analisamos a trajetória da Bíblia ao longo dos anos. Desde sua criação, diversos líderes — políticos e religiosos — fizeram de tudo para destruí-la. Na Idade Média, pessoas que tinham uma Bíblia eram tachadas de traidoras e sofriam duras condenações.

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Entre todos os livros produzidos na Antiguidade desde a criação da escrita, nenhum foi tão perseguido e queimado quanto a Bíblia. Mas, apesar disso, se manteve existente e hoje é considerado o maior best-seller de todos os tempos. Com 3,9 bilhões de cópias, é a obra mais lida do mundo e, segundo a Sociedade Bíblica do Brasil, já foi traduzida para aproximadamente 3 mil idiomas.

Não há como negar que as Escrituras não só tenham influenciado as leis e os idiomas de alguns países como também a vida de milhões de pessoas. "Como falar de ética e moral, sem conhecer os conceitos cristãos bíblicos que fundamentam até hoje as nossas percepções nesses campos? A Bíblia é mais do que um devocional individual, é também o arrimo psicológico, histórico e filosófico de nossa civilização, o código que desvenda os meandros de nossa consciência — e, se isso tudo não for suficiente para mantê-la numa biblioteca escolar pública, realmente não sei o que seria", acrescenta o filósofo Pedro Henrique Alves.

Assim, a permanência da Bíblia nas bibliotecas é mais que uma questão religiosa, é o fundamento social e humano de nossa cultura. "E esses são os esteios da nossa civilização; absurdo, na minha opinião, seria não a ter nas estantes de um acervo público. Estão confundindo laicidade com militância. Laicidade não é a exclusão de uma plataforma religiosa em nome de igualdade, é justamente o contrário. Isto é, o ato de o Estado possibilitar o acesso, ou ao menos não atrapalhar, a todas as matrizes religiosas que sejam relevantes ao público e o conhecimento desenvolvido. Não ter Bíblia nas bibliotecas públicas é um ato de militância e definitivamente não se trata de 'democracia' ou 'princípio da laicidade'", conclui o especialista.

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