O empresário e lobista Adir Assad disse, nesta quarta-feira (9), que a empreiteira Andrade Gutierrez repassou R$ 30 milhões a políticos para "matar" a CPI de Carlinhos Cachoeira. Em depoimento à 7ª Vara Federal Criminal do Rio, ele afirmou que o pagamento da propina foi revelado para ele pelo ex-executivo da empresa, Flavio Barra.
Segundo Assad, o "dinheiro foi só o da Andrade", mas que "devem ter passado o chapéu também para outras empresas". O empresário foi preso por abrir empresas de fachada para lavar dinheiro para empreiteiras. Executivos da Andrade Gutierrez fecharam um acordo de delação premiada na "Operação Lava Jato" e revelaram a prática de ilícitos.
Adir também relatou a tranquilidade dos parlamentares no dia do seu depoimento à CPI, depois de repassada a propina. "Parecia que eu fui lá fazer uma palestra. Os parlamentares com a cabeça baixa, mexendo no celular. Uma tranquilidade", contou.
Ele disse, também, que Cachoeira era "seu concorrente", mas que só foi conhecê-lo em Bangu 8 - presídio de nível superior no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste. O repasse dos R$ 30 milhões para "abafar" a CPI foi confirmada pelo irmão de Adir, Samir Assad, que também prestou depoimento nesta quarta.
Questionado pelo juiz Marcelo Bretas sobre como conseguia sacar altas quantias de dinheiro em caixas de banco para movimentar os pagamentos das propinas, Adir disse que "nunca pagou dinheiro ilícito para corromper os funcionários", mas que havia "um trabalho de sedução com os gerentes".
"Nós comprávamos seguros no banco, fechávamos consórcios, oferecíamos para os gerentes ingressos de shows, eventos..", relatou o empresário, que era dono de uma produtora de eventos que produziu shows internacionais no Brasil como os da banda U2, e das cantoras Beyoncé e Shakira.