O corpo de Clayton da Silva Modesto, de 17 anos, vai ser sepultado na tarde desta sexta-feira (28) no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio. O jovem foi encontrado morto na quarta-feira (26), em uma mata no morro da Babilônia, no Leme, também na zona sul. Segundo moradores, o rapaz teria sido levado por policiais militares algemado em um carro no dia 21.
Morador da morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio, o jovem sumiu após ir à casa de uma tia na comunidade do Babilônia. No mesmo dia, a região foi palco de um intenso confronto. A CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) informou que agentes foram recebidos a tiros por dez criminosos no alto do morro. Durante a operação, foram apreendidas armas e drogas.
Família compara com caso Amarildo
A família de Clayton compara o caso de desaparecimento e morte do adolescente ao do pedreiro Amarildo de Souza. Em julho de 2013, o morador da Rocinha foi visto pela última vez entrando em um carro da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade.
Beatriz da Silva Campos, prima de Clayton, afirma que a família só encontrou o corpo por conta própria.
— Se não tivesse a nossa atitude de chamar os bombeiros para nos ajudar, não teríamos encontrado e seria um Caso Amarildo. Procuramos a UPP, e eles disseram que não teria sido ninguém preso, então não nos ajudaram.
A ativista de Direitos Humanos Deize Carvalho também comparou a história ao do pedreiro Amarildo. Contudo, para ela, o desenrolar do caso será diferente do que ocorreu com o morador da Rocinha.
— O Clayton só não seguiu essa linha de um segundo Amarildo porque, graças a Deus, pessoas compareceram, sabiam que uma mãe ia estar desesperada, ia ser mais uma pessoa que ia ficar desaparecida, e uma mãe desesperada. O que causa estranheza é que os policiais da UPP não tomaram nenhum tipo de providência. Por que não acompanharam a família já que eles tinham as informações de que havia um corpo nesse local?
Jovem teria levado dois tiros
De acordo com uma familiar, havia um ferimento à bala na parte de trás da cabeça e outro no braço de Clayton, que teriam sido registrados por meio de fotografia.
Policiais militares prestaram depoimento na noite desta quarta-feira (26) sobre a morte do jovem. A informação é da Polícia Civil. Segundo a corporação, familiares também serão intimados a depor e os agentes estão em busca de testemunhas que auxiliem nas investigações.