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Crise no Estado dobra evasão de alunos na Uerj

Segundo reitor, número de alunos que deixam a universidade em 2016 chegou a 800

Rio de Janeiro|Agência Brasil

Uerj enfrenta crise e atrasos no pagamento com protestos
Uerj enfrenta crise e atrasos no pagamento com protestos Uerj enfrenta crise e atrasos no pagamento com protestos

Com três pagamentos atrasados para técnicos e professores e um calendário acadêmico que ainda não saiu de 2016, a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) viu dobrar a evasão de alunos no ano passado. Segundo afirmou nesta quarta-feira (14) o reitor da universidade, Ruy Garcia Marques, a percepção dos problemas na instituição já afeta também a busca de candidatos ao vestibular de 2018.

— Está sendo notada essa diminuição [de inscrições no vestibular]. Mas certamente isso iria acontecer. Até em casa, meu filho, de 16 anos, me diz que não sabe se quer ir para a Uerj —, lamenta o reitor, que defende a instituição, considerada uma das mais conceituadas do país. — Sem dúvida nenhuma a Uerj vale a pena, mas vai levar tempo para a gente recuperar a grandeza desse nome.

Em entrevista à imprensa na manhã de hoje, o reitor descreveu os problemas que a universidade enfrenta desde o ano passado. Todo ano, segundo Ruy Garcia Marques, 300 a 400 alunos deixam a universidade, número que dobrou em 2016.

O reitor chamou a atenção para o impacto dos atrasos de pagamentos na permanência dos alunos bolsistas na instituição,que é pioneira em ações afirmativas no país. Cerca 10 mil alunos cotistas e não cotistas em dificuldades financeiras recebem mensalmente um auxílio de R$ 450.

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— São bolsas pequenas, mas absolutamente indispensáveis para a locomoção e a frequência deles na universidade.

Atualmente, os técnicos administrativos da universidade estão em greve. Eles estão sem os salários de abril e maio e também não receberam o décimo terceiro salário de 2016. Os professores continuam dando aulas de acordo com suas possibilidades de deslocamento para a universidade, mas a situação salarial é a mesma.

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— Muitos alunos não estão conseguindo comparecer às aulas, assim como docentes, que estão vendendo carro, voltando a morar com seus pais. Técnicos administrativos [vivem] a mesma coisa, pegam empréstimos. Está afetando todos os segmentos.

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Os problemas de pagamento põem em risco o funcionamento de serviços prestados à sociedade, como o atendimento de psicologia e odontologia no Hospital Universitário Pedro Ernesto. O reitor afirma que há risco de que esses serviços sejam suspensos, assim como pesquisas que dependem de recursos estaduais para sua manutenção.

— A pesquisa não é uma coisa que a gente possa interromper aqui, e daqui a seis meses, quando as coisas melhorarem, a gente recomeça. Tem que recomeçar do zero.

Ontem, o governo do Estado informou que a folha de pagamento deve ser regularizada em 45 dias, com a adesão do Rio de Janeiro ao Plano de Recuperação Fiscal da União.

Servidores estaduais da educação, da segurança pública, administração penitenciária e defesa civil devem receber os salários de abril e maio ainda hoje. A Uerj é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social.

Calendário acadêmico atrasado

A comunidade acadêmica da Uerj envolve hoje cerca de 50 mil pessoas, sendo 27 mil alunos de graduação presencial, 7 mil de graduação à distância e 7 mil de pós-graduação. Há 5,8 mil servidores técnicos administrativos e 2,6 mil professores na folha de pagamento.

Paralisações e adiamentos levaram o calendário acadêmico da Uerj a um atraso que só pode ser totalmente revertido em meados de 2018. A universidade deve encerrar o segundo semestre de 2016 em julho; o primeiro de 2017, em novembro; e o segundo semestre deste ano está previsto para terminar em abril de 2018. A previsão, no entanto, depende que os problemas sejam superados.

Em nota, o governo afirma que "reconhece a importância da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e tem concentrado esforços na busca de soluções para a superação do atual quadro de graves dificuldades enfrentadas pela instituição". O governo informa que repassou à Uerj 76% do orçamento de 2016, e que a crise impediu que o restante dos recursos chegasse à Universidade.

Nesta quarta-feira, os servidores da Uerj receberam um pagamento de R$ 700 referente ao mês de abril, mas o restante do pagamento continua em atraso.

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