Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

"Eles foram alvo de preconceito", afirma mãe de irmãos que foram retirados de ônibus e levados para abrigo

Grupo de sete adolescentes seguia da Baixada Fluminense para praia na zona sul da cidade

Rio de Janeiro|Do R7

Mãe de irmãos está revoltada com apreensão; governador disse que medida visa impedir crimes nas praias
Mãe de irmãos está revoltada com apreensão; governador disse que medida visa impedir crimes nas praias Mãe de irmãos está revoltada com apreensão; governador disse que medida visa impedir crimes nas praias

Domingo (23) de sol, calor e praia. Curtir o dia era a intenção de dois irmãos e mais cinco jovens quando saíram de casa, às 10h, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, em direção ao Arpoador, zona sul do Rio. Mas, no meio do caminho, eles foram revistados por PMs e acabaram sendo apreendidos dentro de um ônibus. Os adolescentes acreditam que foram vítimas de preconceito. De acordo com um deles, a cor da pele foi um fator determinante para os policiais resolverem levá-los a um abrigo.

— Rolou muito preconceito, porque tinha mais quatro pessoas dentro do ônibus, branca, e eles tomaram a revista e foram embora, continuaram na viagem. Todo mundo que tinha cor escura teve que ficar lá no túnel.

Segundo o relato deles, os policiais entraram no coletivo e ordenaram que o grupo descesse do ônibus.

— O policial subiu e foi lá na frente e olhou para trás e veio apontando. Você, você, você, você! Desce todo mundo! Eu falei: que isso, a gente não tem nada não, senhor. A gente está indo pra praia se divertir. Ele: meu irmão, não quero saber. Desce todo mundo! Quero todo mundo lá fora, já desce com a mão na cabeça.

Publicidade

Por volta de meio-dia, o programa de ir para a praia foi interrompido quando os agentes resolveram apreender os adolescentes e encaminhá-los para o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente, em Laranjeiras, também na zona sul. Nenhum dos dois irmãos tem passagem pela polícia, não portavam armas e não estavam cometendo infrações.

Viviane de Almeida Corrêa, mãe dos rapazes, afirmou que, quando recebeu a ligação do filho, se assustou, achando que algo pior tivesse ocorrido. Para ela, os jovens foram vítimas de preconceito.

Publicidade

Alguma morte dentro do ônibus, algum ônibus sendo invadido, de repente meu filho foi para o abrigo, não sei se ele está sendo confundido com alguém. Se estivessem de roupinha de marca, não teriam passado por isso. Mas como estavam de chinelo, de mochila, com biscoito, com as coisas que iriam comer na praia, para mim eles foram alvo de preconceito sim.

O juiz da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, Pedro Henrique Alves, condenou a conduta dos PMs. Para ele, não se pode criar o preconceito de que todo adolescente de comunidade vai praticar um ato infracional.

Publicidade

A polêmica se agravou após a prefeitura admitir que recolheu mais de 140 jovens durante o último fim de semana. Eles foram retirados de ônibus que vinham de bairros do subúrbio para a zona sul.

A PM afirmou que as apreensões foram ações preventivas que têm como objetivo “encaminhar para os abrigos da prefeitura crianças e adolescentes em situação de risco”. Segundo a nota, muitos desses jovens, além de estarem nas ruas sem dinheiro para alimentação e transporte, apresentam “condição de extrema vulnerabilidade pela ausência de familiares ou responsáveis”.

O governador Luiz Fernando Pezão se disse favorável à ação dos policiais. Para ele, a retirada é uma forma de impedir crimes nas praias.

Leia também:

Defensoria cobra explicações da prefeitura e PM após blitz impedir jovens de irem à praia

Veja o vídeo:

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.