Thiers pode ser afastado do caso de estupro coletivo
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDOA juíza Angélica dos Santos Costa, do Plantão Judiciário, determinou neste domingo (29) que a decisão sobre o afastamento do delegado Alessandro Thiers, titular da DRCI, da investigação sobre o estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos caberá a uma vara criminal.
Na decisão, a magistrada afirma que faltaram elementos para decidir sobre o pedido feito pela advogada da vítima, Eloisa Samy. Costa afirma que só recebeu uma peça do inquérito, que não permite avaliar qualquer medida judicial no plantão noturno. “Assim, não foi possível uma aferição das medidas postuladas em sede deste plantão, eis que não foi juntado, sequer, o termo de declaração inicial prestado pela vítima”.
O requerimento será encaminhado a uma vara criminal, para julgar os pedidos da defesa.
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MP é favorável
O Ministério Público do Rio de Janeiro manifestou neste domingo (29) parecer favorável ao desmembramento do inquérito que investiga o crime de estupro contra uma adolescente de 16 anos, na zona oeste do Rio de Janeiro. O promotor Bruno Lavorato expedirá ofício para que a investigação sobre o estupro seja conduzida pela DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), e não mais pela DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática), que investigaria somente a divulgação do vídeo.
O promotor também pede uma medida cautelar em favor da adolescente. Segundo a advogada Eloisa Samy, a jovem está sendo procurada por um dos autores do crime, Raphael Belo, de 41 anos. A advogada teme pela integridade física e moral da adolescente.
Já em relação ao afastamento do delegado Alessandro Thiers da DRCI, o MP diz que cabe somente à polícia ou ao Governo do Estado do Rio de Janeiro decidir.
No entendimento de Eloisa, o policial criminaliza a vítima ao questionar se ela teria o hábito de fazer sexo em grupo. A adolescente prestou novo depoimento na noite de sexta-feira (27), quando também foram ouvidos dois homens que disseram que a jovem teria feito sexo consensual com um deles.
Ex-chefe se manifesta
A deputada Martha Rocha (PDT), ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, divulgou na tarde deste sábado (28) nota em repúdio a declarações do delegado. Ela também diz acreditar que falas do agente publicadas na imprensa "criminalizam e culpabilizam" a vítima.
"Quando estamos diante de uma barbárie dessas e o delegado diz que 'está investigando se houve consentimento e que a polícia não pode ser leviana', entendemos porque tantas mulheres deixam de ir às delegacias denunciar casos de abuso sexual e violência", disse ela, que é presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Para ela, a investigação teria de ter a participação da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher). Em nota à imprensa, a Polícia Civil afirmou que a investigação do caso tem sido feita de forma integrada pelas duas delegacias especializadas — DRCI e DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima).