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Fiocruz inaugura banco no Rio para armazenar amostras de vírus 

Biobanco tem capacidade para estocar 1,5 milhão de amostras e vai permitir a concepção de pesquisas relacionadas à Covid-19

Rio de Janeiro|Da Agência Brasil

Biobanco Covid-19 da Fiocruz foi inaugurado com a presença do ministro da Saúde
Biobanco Covid-19 da Fiocruz foi inaugurado com a presença do ministro da Saúde Biobanco Covid-19 da Fiocruz foi inaugurado com a presença do ministro da Saúde

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) inaugurou nesta segunda-feira (13) o BC19-Fiocruz (Biobanco Covid-19). A nova unidade, localizada no campus Expansão, no Rio de Janeiro, vai permitir a concepção e a condução de pesquisas, o desenvolvimento tecnológico e ensaios clínicos relacionados à doença pandêmica.

O BC19-Fiocruz tem capacidade para armazenar até 1,5 milhão de amostras de vírus, bactérias e fungos que podem surgir em uma pandemia com vírus originário no Brasil ou em outra parte do mundo. O investimento do Ministério da Saúde foi estimado em R$ 40 milhões, entre o projeto, a obra e a estruturação do parque tecnológico permanente. A construção contou ainda com apoio complementar do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que o investimento da pasta é um compromisso com o presente, mas, sobretudo, com o futuro. Conforme o ministro, com o trabalho que será realizado no local, o Brasil mostra que tem condição de intensificar a identificação desses vírus após o fortalecimento da estrutura dos Lacens (Laboratórios Estaduais de Saúde Pública).

“Hoje temos muito mais Lacens do que tínhamos antes, e a prova disso é que identificamos uma das mutações desse vírus aqui no Brasil, a Gama, importante para a condição da saúde pública brasileira, mas também em nível mundial”, disse.

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Segundo o ministro, atualmente o país é espreitado por outras possíveis variantes desse vírus, como é o caso da Ômicron, que foi descoberta recentemente por cientistas na África do Sul. Ele criticou possíveis punições aos países que identificam novas mutações do vírus.

“Já foram identificados 11 casos no Brasil, com certeza deve haver mais. Quando um país identifica uma variante, não é o caso de puni-lo. Temos, sim, que aplaudir quem identifica essas variantes do vírus para que possamos nos preparar melhor para combater essas ameaças imprevisíveis causadas por mutações do vírus”, disse.

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O ministro Queiroga lembrou que recentemente o Brasil firmou compromisso no âmbito do G20 para fortalecimento do sistema de saúde de acesso global e a ampliação do acesso a imunizantes e insumos estratégicos para o enfrentamento não só desta emergência sanitária causada pelo novo coronavírus, mas de outras que podem surgir em razão de mutações do próprio vírus ou de outros que comprometam a segurança da sociedade.

“Esse investimento na área da pesquisa, ciência e tecnologia é fundamental para ampliar a capacidade de resposta”, disse.

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Segundo o ministro, a Fiocruz e sua pasta são indissociáveis e o Ministério da Saúde pode ser considerado um filho da fundação, porque é resultado da centenária tradição de saúde pública no país, liderada por Oswaldo Cruz e Carlos Chagas.

Para o ministro, o legado dos dois cientistas permanecerá vivo para sempre, e talvez por isso o Brasil tenha uma capacidade tão grande de vacinar sua população. “O Brasil hoje é um exemplo mundial em relação à campanha de imunização contra a Covid-19, e é por isso que nos últimos seis meses tivemos uma redução expressiva do número de casos e de óbitos decorrentes da Covid-19, o que resultou, consequentemente, em uma menor pressão sobre nosso sistema de saúde e em uma esperança de contermos o caráter pandêmico da Covid-19 e vivermos no tão ansiado pós-Covid”, completou.

Na visão de Queiroga, a Fiocruz tem dado uma contribuição extraordinária ao combate da Covid-19. A mais significativa, para ele, é a relativa à encomenda tecnológica feita ao Laboratório AstraZeneca com transferência de tecnologia, tendo como resultado a produção da vacina com IFA nacional, que está em fase final de processo regulatório para a aprovação.

“[O IFA] Permitirá que tenhamos a condição de produzir até 480 milhões de doses no ano de 2022. É um extraordinário avanço, que decorre da união de todos. Do governo federal, que alocou recursos expressivos nessas ações, e da Fundação Oswaldo Cruz, com a capacidade que têm os seus pesquisadores, o fortalecimento do complexo industrial de BioManguinhos no futuro em Santa Cruz e deixar, sim, um legado para o nosso Sistema Único de Saúde”, disse, acrescentando que a criação do SUS “foi uma aposta dos nossos constituintes de 1988 que se mostrou, ao longo do tempo, muito acertada”.

“Saúde como direito fundamental, saúde como direito de todos e dever do Estado. Quero parabenizar a todos que integram a Fundação Oswaldo Cruz por esse Biobanco e dizer que estamos cada dia mais seguros em relação a problemas sanitários”, disse Queiroga.

Serviço qualificado

O Biobanco, iniciativa pioneira, está instalado em uma área de 1,1 mil metros quadrados e vai funcionar como um centro provedor de serviços altamente qualificados e materiais biológicos, com áreas laboratoriais de classificação de NB2 (nível de biossegurança 2).

De acordo com a Fiocruz, ele vai abrir espaço para colaborações nacionais e internacionais, além de fortalecer o mercado interno e reduzir a dependência internacional do Brasil nessa área. Com a estrutura, os pesquisadores poderão desenvolver estratégias baseadas em evidências e projetar protocolos de tratamento e previsões baseadas na medicina de precisão, com base nos materiais biológicos e dados armazenados no Biobanco.

“O Biobanco representa uma resposta concreta à demanda urgente do SUS [Sistema Único de Saúde], proporcionando uma estrutura pioneira em um momento de emergência sanitária, e traz o resultado de um antigo projeto para implantar o Centro de Recursos Biológicos em Saúde da Fiocruz, constituído por vírus, bactérias, fungos e protozoários e outros materiais biológicos de interesse taxonômico, epidemiológico e biotecnológico, que garantirá o apoio para a preparação e rápidas respostas às futuras emergências de saúde pública”, disse a gerente-geral do BC19-Fiocruz, Manuela da Silva.

O projeto tem autonomia no abastecimento de água; sistema de descontaminação de efluentes com estação de tratamento de esgoto própria; central de gases diversos, incluindo nitrogênio líquido, destinado aos equipamentos de criopreservação; além de diversos sistemas específicos para garantir a segurança e a rastreabilidade das amostras, atendendo aos requisitos legais de qualidade, biossegurança e bioproteção.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, disse que a nova unidade da fundação contribuirá de forma decisiva para a ciência brasileira. “Este evento de hoje, para nós, tem um significado especial para as ações de ciência, tecnologia e inovação, e para as ações de vigilância em nosso país”, disse.

Nísia Trindade afirmou que, além do enfrentamento da emergência sanitária da Covid-19, a criação do centro de pesquisa é fundamental para o futuro da vigilância e da saúde pública no Brasil, que também depara com a questão da preparação ante possíveis emergências sanitárias.

“Em todo o mundo, esta é hoje uma pauta prioritária que vai além da saúde. É a pauta da vida, da possibilidade de um desenvolvimento sustentável com equidade e que faz com que as nações estejam preparadas para as emergências”, disse.

Projeto

O projeto do BC19-Fiocruz foi elaborado após debates que envolveram potenciais usuários reunidos em um grupo de trabalho constituído por profissionais de diversas áreas da instituição, entre elas as de engenharia, arquitetura, qualidade, biossegurança e bioproteção, virologia e biologia molecular.

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