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Neste domingo (8), Dia Internacional da Mulher, mais do que celebrações, é tempo de reflexão: Como é possível avançar em questões de interesse da mulher? O R7 convidou cinco mulheres do Rio de Janeiro para discutir comportamento, descriminalização do aborto, ditadura da beleza, machismo e violência contra mulher. Confira a seguir a opinião delas
Por Bruna OliveiraMontagem / Arquivo Pessoal
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A atriz Isabel Fillardis, de 41 anos, diz que a mulher “não é sexo frágil, é sexo delicado”. Ela defende que a mulher conserve a feminilidade sem deixar de ter atitude. Entre as conquistas, Isabel destaca a independência financeira e desassociação do homem da figura de provedor. Porém, o que mais a incomoda é a ditadura da beleza
Reprodução/Facebook
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— O cabelo tem que ser esticado, peito siliconado, coxa malhada e o manequim quarenta. Que isso? Há pessoas que não se encaixam nesse perfil e são bonitas. O negro está dentro do padrão de beleza brasileira se tiver um nariz assim, um cabelo assado e uma bunda tal. A beleza tem que ser primeiro para você. Eu não gosto de esticar meu cabelo. Só faço quando há necessidade para o meu trabalho. Gosto muito do meu cabelo crespo, combina comigo
Reprodução/Facebook
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Danielle Ramalho, eleita miss Plus Size Carioca, sofreu bullying na adolescência por estar acima do peso. A modelo, que hoje pesa mais de 100 kg, chegou a fazer dietas malucas para ficar magra. Há dois anos, Danielle não se aceitava e nem sequer se olhava no espelho. Mas hoje, aos 35 anos, a carioca diz acreditar que a sociedade está caminhando para derrubar os padrões de beleza. Prova disso é que o discurso dela mesma mudou
Arquivo Pessoal
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— As pessoas não têm que viver escravas de um padrão determinado pela sociedade. Os padrões, geralmente, são inatingíveis e a busca por este modelo de corpo ou rosto gera uma frustração e um sofrimento desnecessário. O movimento Plus Size veio para quebrar estes padrões e mostrar que nós somos lindas mesmo estando acima do peso ideal. Eu sou muito feliz como sou e não consigo me imaginar magra
Arquivo Pessoal
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A atriz Aline Borges, de 40 anos, conta que não viveu nenhum caso de violência. Mas esse tema, na opinião da atriz, é o que mais precisa avançar. No Brasil, uma mulher é agredida a cada cinco minutos, de acordo com relatório divulgado pelo Ministério da Justiça em 2012. Recentemente, Aline Borges gravou cena na novela Vitória, da Rede Record, em que a sua personagem, Laíza, foi atacada por neonazistas por ser negra e ex-prostituta. Ela contou que a cena mexeu muito com ela
Divulgação / Record
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— Chorei muito, de verdade. Porque tem a desproporção da força. Me senti na pele dessas mulheres. É um absurdo. Ninguém tem o direito de agredir ninguém. Apesar de termos a Lei Maria da Penha ao nosso favor, as mulheres precisam colocar a boca no trombone. Já tive amigas que sentiam vergonha e medo de denunciar namorados. Infelizmente, é uma realidade
Divulgação / Record
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Idealizadora do Topless in Rio, a produtora de cinema Ana Paula Nogueira, de 35 anos, é a favor de uma relação mais livre com o corpo. Ela diz que o movimento das praias tem como objetivo quebrar preconceitos e não só desfilar os seios nus em Ipanema. Para Ana Paula, a descriminalização do aborto é um dos temas mais urgentes que precisam ser debatidos no País. A carioca chama a atenção para os números alarmantes de procedimentos ilegais. A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 1 milhão de grávidas interrompam a gestação por ano em clínicas clandestinas no Brasil
Reprodução/Facebook
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— É uma questão de saúde pública. Primeiro, precisamos salvar a vida dessas mulheres, depois, discutir se é legal ou não, ou se fere os princípios de nossas crenças religiosas. Não adianta fechar os olhos. Todo mundo conhece uma clínica ou alguma mulher que já fez. O fato de o aborto ser ou não legalizado, não faz com que ele deixe de existir. Muitas vezes, o homem é o primeiro a apoiar a namorada ou mãe a fazer o aborto, e depois, se posiciona contra o procedimento
Reprodução/Facebook
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Em dezembro de 2014, a imagem de um homem segurando um cartaz com a mensagem "não mereço mulher rodada" viralizou nas redes sociais. Em resposta à atitude machista, a jornalista Renata Carvalho, de 38 anos, criou o bloco de Carnaval Mulheres Rodadas, que estreou nas ruas do Rio neste ano.
— Tem homem que não quer uma mulher rodada. Mas o que pra eles é uma mulher rodada? É uma mulher experiente sexualmente? Pra mim, é difícil entender. Acho que mulher rodada é viajada, experiente e sabe o que quer. A mulher tem que ser do jeito que ela acha que deve ser. O objetivo do nosso movimento é se posicionar contra o julgamento. Somos contra rótulos e estereótiposArquivo pessoal
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Porém, o que mais preocupa Renata é o fato de os temas de interesse das mulheres estarem fora da pauta do Legislativo.
— O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse que só por cima do cadáver dele é que vai ser discutida a questão do aborto. A gente precisa aumentar a representatividade da mulher na política. Porque, se não pudermos avançar na luta pelos direitos das mulheres, ao menos, não vamos retroceder, como é o caso do Estatuto da Família
Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado neste domingo (8), o R7 fez uma série de reportagens dedicada a elas. Veja aqui o índice completo das matérias publicadasArquivo Pessoal