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Há mais de um mês, as Forças de Segurança estão atuando na comunidade da Rocinha, zona sul do Rio, com o intuito de prender os envolvidos na invasão que deflagrou o conflito e prender o traficante Rogério 157. Com tiroteios quase que diários, os moradores da favela ainda vivem em clima de insegurança. Atualmente, segundo a PM, 550 policiais atuam na comunidade com 15 pontos de cerco e 14 pontos de contenção na comunidade. Desde o dia 18 de setembro, quando a ocupação começou, 53 suspeitos foram presos, dez menores apreendidos e 11 suspeitos mortos. Além disso, uma turista espanhola morreu, dois PMs e três moradores ficaram feridos. Relembre a seguir como foi a operação.
*Colaborou Jaqueline Suarez, estagiária do R7 RioFÁBIO MOTTA/10.10.2017/ESTADÃO CONTEÚDO
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O conflito na Rocinha começou no dia 17 de setembro, quando um grande número de homens armados tentou invadir a comunidade. Segundo as investigações, as ordens teriam partido do ex-chefe do tráfico local, o Nem da Rocinha, preso em Rondônia. O confronto teria sido motivado pelo rompimento entre ele e Rogério 157, seu sucessor
Ellan Lustosa/22.9.2017/Código19/Folhapress
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No dia seguinte (18), a Polícia Militar fez uma grande operação na comunidade em busca dos criminosos envolvidos no confronto. Na ação, um homem morreu, quatro foram presos e dois corpos carbonizados foram encontrados. O objetivo da Secretaria de Estado de Segurança era a captura de Rogério 157
José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
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Em cinco dias consecutivos de operações na Rocinha, foram registrados tiroteios intensos. A insegurança provocou o fechamento do comércio, de escolas e unidades de saúde. Segundo a polícia, os criminosos tentavam fugir pela área de mata da comunidade, chegando aos bairros do Jardim Botânico, Alto da Boa Vista e Tijuca. No dia 22, criminosos ordenaram ataques a ônibus para desviar atenção da polícia que vasculhava a mata. Após confronto intenso, o Ministério da Defesa autoriza envio das Forças Armadas à Rocinha.
Rommel Pinto/Agência O Dia
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À pedido do governador do Rio Luiz Fernando Pezão (PMDB), cerca de mil homens das Forças Armadas foram enviados à Rocinha. As tropas cercaram a comunidade, enquanto na parte alta da favela policiais continuaram o vasculhamento na área de mata. Porém, mesmo com a presença dos militares, os tiroteios continuaram.
Wilton Junior/Estadão Conteúdo
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Para localizar os criminosos foragidos, a Secretaria de Segurança Pública pediu o apoio da população, em especial aos moradores da Rocinha, denunciando esconderijo de suspeitos, armas e drogas. No dia 26, um helicóptero do Exército sobrevoou a comunidade lançando panfletos com os números do Disque-Denúncia. O portal já havia subido para R$ 50 mil a recompensa por informações que levassem a prisão de Rogério 157.
Márcio Mercante/Agência O Dia
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Uma semana após o início do cerco das Forças Armadas, os militares deixaram a comunidade no dia 29. De acordo com informações do Ministério da Defesa, a decisão foi tomada depois que o setor de inteligência confirmou que o chefe do tráfico, Rogério 157, não estaria mais na favela.
Bruno Kelly/25.9.2017/Reuters3
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Após a saída dos militares, policiais do Batalhão de Choque, do Bope (Balhão de Operações Especiais) e da COE (Comando de Operações Especiais) iniciaram uma nova operação na Rocinha. De cordo com a Secretaria de Segurança, cerca de 500 policiais militares atuam desde o dia 29 em 15 pontos de cerco e em 14 pontos de contenção no interior da comunidade, além do patrulhamento das tropas especiais.
FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Em outro ponto da cidade, a polícia localizou e prendeu Danúbia Rangel, mulher do Nem da Rocinha. Ela é apontada pela polícia como pivô do rompimento entre o traficante e o atual líder da comunidade, Rogério 157. Danúbia estava entre os criminosos mais procurados do Estado e foi presa na Ilha do Governador, zona norte do Rio, no dia 10 deste mês.
Alexandre Brum/Agência O Dia
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Entre os dias 10 e 11 deste mês, as Forças Armadas voltaram à Rocinha para dar apoio em uma operação da Secretaria de Segurança Pública do Rio. Os militares auxiliam os policiais que fazem varreduras na área de mata e no entorno da comunidade. O Comando Militar do Leste afirmou que o papel das Forças Armadas na comunidade foi pontual.
FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
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Apesar da presença da Polícia Militar, os moradores ainda vivem em clima de insegurança. Prisões e apreensões são realizadas quase que diariamente na comunidade, além da ocorrência de tiroteios. Neste terça-feira (17), um homem foi encontrado baleado dentro de um táxi na favela. À noite, policiais prenderam dois foragidos, suspeitos de integrar o grupo comandado pelo Nem da Rocinha.
Bruno Rocha/Estadão Conteúdo
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Nesse período, ao menos quatro suspeitos de serem seguranças de Rogério 157 foram presos. Adailton da Conceição Soares, conhecido como Mão, foi preso em Nova Iguaçu; Tales Juan Costa dos Santos, conhecido como Talibã, foi preso na Rocinha no dia seguinte; Felipe Melo de Assis Braga, conhecido como Belo, foi encontrado em Caxias, na baixada; e Francelino dos Santos de Souza, 35 anos, conhecido como Celino, foi preso na Rocinha na última quarta-feira (25)
Reprodução
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A morte de uma turista espanhola na Rocinha foi um dos casos de maior repercussão. Na segunda-feira (23), María Esperanza Jiménez Ruiz, de 67 anos, voltava de uma visita com uma guia turística, motorista, irmão e cunhada quando foi baleada no pescoço, no pé da comunidade. Segundo a PM, o veículo teria furado um bloqueio na comunidade e por isso os agentes atiraram. Motorista e familiares da vítima negaram a versão.
O tenente Davi dos Santos Ribeiro foi apontado como autor do disparo que matou a turista. Ele e o soldado que atirou para o alto na ação foram presos, mas a Justiça Militar mandou soltá-los, na quarta-feira (25). A agência de turismo que organizou o passeio vai ser indiciada pela Deat (Delegacia de Apoio ao Turismo) por ter omitido informações de segurança para os turistas. Segundo a delegada que cuida do caso, a empresa foi irresponsável ao programar uma visita à comunidade que está em conflito.Reprodução/Record TV Rio
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Dois dias depois, uma adolescente foi baleada na comunidade. A jovem de 12 anos saía de uma igreja e seguia para casa quando atingida por um disparo efetuado após um assalto a um mercadinho da rua 2. Ela foi socorrida para o Hospital Miguel Couto e passou por cirurgia. Na manhã de quinta (26), após o ocorrido, a base da UPP da comunidade foi atacada e houve intensa troca de tiros. Um suspeito foi preso com armas e drogas.
Márcio Mercante/19.10.2017/Agência O Dia