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Rio: antigo prédio do Dops tem estrutura em risco e documentos abandonados

Administradora do local, Polícia Civil afirma que há projeto de reforma em andamento

Rio de Janeiro|Do R7

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Documentos referentes ao período da ditadura militar, que poderiam ser utilizados para explicar acontecimentos da época, podem estar ameaçados. Além de estar com a estrutura ameaçada, o prédio do antigo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), no centro do Rio de Janeiro, armazena em seu interior arquivos em péssimo estado de conservação Colaborou Lola Ferreira, do R7 Rio
Durante os anos de chumbo, funcionava no casarão de 1910, localizado na esquina das ruas da Relação com a dos Inválidos, o departamento que reprimia grupos e ações contrárias ao regime militar. Atualmente, se veem no edifício rachaduras, infiltrações e deterioração do teto. Documentos e fichas estão amontoados no chão e correm o risco de serem danificados
A campanha Ocupa Dops foi criada por coletivos artísticos e de direitos humanos com o objetivo de transformar o prédio em um espaço de memória e resistência. A Polícia Civil é a atual administradora do prédio, que pertence ao governo do Estado do Rio. A instituição afirma que há em andamento um projeto “de reforma e reestruturação do local, onde irá funcionar o Museu da Polícia Civil e um espaço de memória da história do Rio de Janeiro e do Brasil”
De acordo com Leo Alves Vieira, integrante do Ocupa Dops e neto do ex-preso político Mario Alves, o grupo defende que o local seja reformado e que os documentos passem a ser armazenados da forma correta. — Já houve a construção de prédios grandes no entorno que deixou a fachada com rachaduras, mas só a fachada foi reformada. O interior está todo acabado ainda
Para auxiliar no trabalho, foi criado GT-Dops, grupo de trabalho da CEV-Rio (Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro), composto por representantes do Ocupa Dops e de instâncias governamentais. O presidente da CEV-Rio, Wadih Damous, diz que a comissão não concorda que o espaço seja dividido com a Polícia Civil. — O padrão internacional é que passe a ser um centro de memória. Com todo o respeito que temos à policia no Estado democrático, não dá para compartilhar no mesmo espaço o símbolo de quem reprimiu e de quem foi reprimido
Além do embate para decidir o futuro do prédio, há o problema referente ao armazenamento e destino dos documentos. No prédio, ainda é possível encontrar muitos deles dentro de móveis deteriorados ou até mesmo no chão. Pedro Bomfim, integrante do GT-Dops, afirma que é impossível avançar no reconhecimento dos documentos. — Não foi possível verificarmos mais nitidamente quais são esses documentos porque há fezes de pombos e morcegos, além de goteiras e fungos. Colocam em risco a saúde de quem mexe neles
O Aperj (Arquivo Público Estadual do Rio de Janeiro) já realizou diligências no local para constatar a relevância dos documentos. O órgão afirma que atua em conjunto com a Polícia Civil para determinar o prazo de guarda dos documentos, ou seja, por quanto tempo eles podem ficar armazenados ou descartados. Ainda segundo o Aperj, caso seja comprovado o valor histórico do material, ele será armazenado de forma adequada no arquivo público
O Ocupa Dops e a CEV, entretanto, afirmam que documentos importantes referentes ao período militar desapareceram do prédio, entre 2013 e 2014, sem que seu valor histórico tenha sido analisado. Já a Polícia Civil diz que esses documentos “são arquivos administrativos da Polícia Civil de controle e fiscalização de armas e munições da DFAE (Divisão de Fiscalização de Armas Explosivos)"
A polícia ressalta que “todos os documentos da época da ditadura, bem como as fichas de presos políticos, foram encaminhados ao Arquivo Público Estadual, localizado em Botafogo em 1982”. Damous afirma que tal constatação é unilateral. — Fotografamos documentos jogados no chão, achamos documentos de operações importantes da década de 80. O correto seria analisarmos os documentos antes de serem retirados de lá. Dizer que não é da ditadura fica fácil quando não tem a contraprova
O presidente da CEV reitera que o grupo continuará contrário à divisão do prédio até que o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, decida o futuro do antigo Dops.  — Pretendemos convencer todos os envolvidos nesta questão. A polícia não é proprietária. O prédio é patrimônio público, pertence à memória nacional

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Documentos referentes ao período da ditadura militar, que poderiam ser utilizados para explicar acontecimentos da época, podem estar ameaçados. Além de estar com a estrutura ameaçada, o prédio do antigo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), no centro do Rio de Janeiro, armazena em seu interior arquivos em péssimo estado de conservação Colaborou Lola Ferreira, do R7 Rio
Durante os anos de chumbo, funcionava no casarão de 1910, localizado na esquina das ruas da Relação com a dos Inválidos, o departamento que reprimia grupos e ações contrárias ao regime militar. Atualmente, se veem no edifício rachaduras, infiltrações e deterioração do teto. Documentos e fichas estão amontoados no chão e correm o risco de serem danificados
A campanha Ocupa Dops foi criada por coletivos artísticos e de direitos humanos com o objetivo de transformar o prédio em um espaço de memória e resistência. A Polícia Civil é a atual administradora do prédio, que pertence ao governo do Estado do Rio. A instituição afirma que há em andamento um projeto “de reforma e reestruturação do local, onde irá funcionar o Museu da Polícia Civil e um espaço de memória da história do Rio de Janeiro e do Brasil”
De acordo com Leo Alves Vieira, integrante do Ocupa Dops e neto do ex-preso político Mario Alves, o grupo defende que o local seja reformado e que os documentos passem a ser armazenados da forma correta. — Já houve a construção de prédios grandes no entorno que deixou a fachada com rachaduras, mas só a fachada foi reformada. O interior está todo acabado ainda
Para auxiliar no trabalho, foi criado GT-Dops, grupo de trabalho da CEV-Rio (Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro), composto por representantes do Ocupa Dops e de instâncias governamentais. O presidente da CEV-Rio, Wadih Damous, diz que a comissão não concorda que o espaço seja dividido com a Polícia Civil. — O padrão internacional é que passe a ser um centro de memória. Com todo o respeito que temos à policia no Estado democrático, não dá para compartilhar no mesmo espaço o símbolo de quem reprimiu e de quem foi reprimido
Além do embate para decidir o futuro do prédio, há o problema referente ao armazenamento e destino dos documentos. No prédio, ainda é possível encontrar muitos deles dentro de móveis deteriorados ou até mesmo no chão. Pedro Bomfim, integrante do GT-Dops, afirma que é impossível avançar no reconhecimento dos documentos. — Não foi possível verificarmos mais nitidamente quais são esses documentos porque há fezes de pombos e morcegos, além de goteiras e fungos. Colocam em risco a saúde de quem mexe neles
O Aperj (Arquivo Público Estadual do Rio de Janeiro) já realizou diligências no local para constatar a relevância dos documentos. O órgão afirma que atua em conjunto com a Polícia Civil para determinar o prazo de guarda dos documentos, ou seja, por quanto tempo eles podem ficar armazenados ou descartados. Ainda segundo o Aperj, caso seja comprovado o valor histórico do material, ele será armazenado de forma adequada no arquivo público
O Ocupa Dops e a CEV, entretanto, afirmam que documentos importantes referentes ao período militar desapareceram do prédio, entre 2013 e 2014, sem que seu valor histórico tenha sido analisado. Já a Polícia Civil diz que esses documentos “são arquivos administrativos da Polícia Civil de controle e fiscalização de armas e munições da DFAE (Divisão de Fiscalização de Armas Explosivos)"
A polícia ressalta que “todos os documentos da época da ditadura, bem como as fichas de presos políticos, foram encaminhados ao Arquivo Público Estadual, localizado em Botafogo em 1982”. Damous afirma que tal constatação é unilateral. — Fotografamos documentos jogados no chão, achamos documentos de operações importantes da década de 80. O correto seria analisarmos os documentos antes de serem retirados de lá. Dizer que não é da ditadura fica fácil quando não tem a contraprova
O presidente da CEV reitera que o grupo continuará contrário à divisão do prédio até que o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, decida o futuro do antigo Dops.  — Pretendemos convencer todos os envolvidos nesta questão. A polícia não é proprietária. O prédio é patrimônio público, pertence à memória nacional

Documentos referentes ao período da ditadura militar, que poderiam ser utilizados para explicar acontecimentos da época, podem estar ameaçados. Além de estar com a estrutura ameaçada, o prédio do antigo Dops (Departamento de Ordem Política e Social), no centro do Rio de Janeiro, armazena em seu interior arquivos em péssimo estado de conservação Colaborou Lola Ferreira, do R7 Rio

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