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Mortes em supostos confrontos com a polícia aumentam 40% na cidade do Rio no ano

Controle de munição e afastamento seriam formas para reduzir mortes cometidas por policiais

Rio de Janeiro|Do R7

A cidade do Rio de Janeiro teve um aumento de 40% nos homicídios decorrentes de intervenção policial. De janeiro a abril deste ano, houve 129 registros de autos de resistência, quando a polícia mata em legítima defesa. No mesmo período de 2014, foram registradas 92 mortes. Os dados — os mais recentes são referentes a abril — são do ISP (Instituto de Segurança Pública).

O professor João Trajano Sento-Sé, do LAV (Laboratório de Análise da Violência) da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), destaca que o aumento é atípico, já que a média histórica é de redução.

— Nesses primeiros meses, alguns conflitos resultaram em enfrentamentos armados e algumas mortes causadas pela polícia. Como aumentaram incursões do Bope [Batalhão de Operações Especiais] e do [Batalhão de] Choque, em função de conflito entre facções do tráfico, houve uma alteração. Mas a tendência é a queda.

Nas áreas de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), por exemplo, houve redução de 85% nos autos de resistência entre 2007 e 2014.

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Para a coordenadora do Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) da Universidade Cândido Mendes, Silvia Ramos, há situações em que não é possível evitar os disparos e, consequentemente, os homicídios, como em confrontos diretos. Mas, segundo ela, o histórico de violência da Polícia Militar do Rio de Janeiro é um fator que prejudica o controle dessas mortes.

— Até hoje no Rio, infelizmente, alguns policiais seguem a lógica do 'se for traficante é legítimo matar'. Então matam uma pessoa que não é traficante e dizem que ela estava com uma arma na mão. Pensam: 'Se estava com arma era traficante e, se era traficante, eu podia atirar'.

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Wanderson e Gilson morreram após uma incursão policial no morro do Dendê. Policial afirma que estavam armados; famílias negam
Wanderson e Gilson morreram após uma incursão policial no morro do Dendê. Policial afirma que estavam armados; famílias negam Wanderson e Gilson morreram após uma incursão policial no morro do Dendê. Policial afirma que estavam armados; famílias negam

Mortes no Dendê

Há 20 dias, em 19 de maio, os jovens Wanderson Martins, de 23 anos, e Gilson Santos, de 13 anos, foram mortos durante uma operação policial no morro do Dendê, na Ilha do Governador, zona norte do Rio. A ação tinha como objetivo apreender caça-níqueis e cumprir mandados de busca e apreensão.

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que o agente que admitiu ter atirado contra os dois não será afastado de suas funções durante as investigações. O policial civil afirmou que os jovens estavam com pistolas. As famílias negam. As mortes estão sendo investigadas pela Divisão de Homicídios da Capital.

Silvia defende que o afastamento de policiais após disparos que resultam em mortes pode ser uma das formas de frear os autos de resistência.

— Há também a possibilidade de controlar o uso de munição. No caso, o policial teria que justificar a munição que usa.

Por meio de nota, o secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, informou que "a maior parte dos registros de morte decorrente de intervenção policial está concentrada em regiões onde, infelizmente, ainda há confronto entre a polícia e quadrilhas do tráfico de drogas."

O secretário afirma que esses confrontos aconteciam "em todo o Rio de Janeiro" antes da instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

Colaborou Lola Ferreira, do R7 Rio

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