Luiz Carlos Francisco Soares, pai do jogador do Flamengo Luiz Antonio, prestou depoimento na Draco-IE (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais) na tarde desta sexta-feira (15) sobre o suposto envolvimento com milicianos na zona oeste do Rio. Ele passou cerca de quatro horas na sede da delegacia e, na saída, disse à imprensa que seu carro foi, sim, roubado em janeiro, e não dado de presente para um dos chefes da milícia, como vem sendo investigado.
Soares não deu detalhes sobre o assalto aos jornalistas, mas disse que os bandidos agiram com violência na ocasião. Ele confirmou ainda que conhece o policial Alexandre Antunes, amigo do filho, responsável pelo registro de ocorrência na Delegacia do Recreio (42ª DP) do suposto roubo. Alexandre Antunes foi preso na semana passada suspeito de envolvimento com a quadrilha de milicianos.
— Fui na delegacia que me mandaram ir — disse Soares, sobre o registro de ocorrência, em janeiro.
O pai de Luiz Antonio chegou na Draco-IE por volta das 12h30 e saiu às 16h40. Ele afirmou que o depoimento foi simples e informal. Enquanto atendia aos jornalistas, um homem que o acompanhava exibia um cartaz com colagens de jornal e gritava tentando provar a inocência de Soares e do jogador.
Depoimento de Luiz Antonio
Na quinta-feira (14), Luiz Antonio disse, após prestar uma hora e meia de depoimento na Draco, que não presenteou miliciano com um Ford Edge, avaliado em R$ 130 mil. Segundo ele, o carro em questão foi roubado e que ele recebeu o dinheiro do seguro, após registro da ocorrência. A Polícia Civil suspeita que, além de ter relação com milicianos, o jogador tenha praticado o chamado "golpe do seguro do carro".
Luiz Antonio negou qualquer relação com a milícia que atua na zona oeste do Rio. O jogador disse que desconhecia que Alexandre Antunes, suspeito de integrar o grupo criminoso, tivesse relação com a milícia. O jogador estava acompanhado de seu advogado, que também atua no Flamengo, Michel Assef Filho.
O delegado Alexandre Capote disse que o depoimento — cujo teor não foi revelado — será analisado e que ele contribui para as investigações.
Desde segunda-feira (11), quando a polícia divulgou detalhes da investigações, Luiz Antonio não vem treinando no Flamengo. Ele é um dos principais atletas do elenco e atuou como titular na última partida do Campeonato Brasileiro, contra o Sport.
Investigações apontam que o jogador teria presenteado o ex-policial Marcos José de Lima, um dos líderes milicianos, com o Ford Edge. Dias depois, o pai do jogador registrou o suposto roubo do mesmo carro. O policial que fez o registro foi preso na semana passada, acusado de integrar a milícia. A polícia diz acreditar que o jogador tentou aplicar o golpe contra a seguradora, a fim de receber o valor do veículo.
Milícia capturada
Na semana passada, a Draco prendeu ao menos 21 suspeitos de atuar em quadrilha de milicianos em Campo Grande, zona oeste. Pelo menos sete policiais militares, um policial civil, um bombeiro e um agente penitenciário participavam do esquema. Durante a ação,foram apreendidos seis carros, uma moto, seis pistolas, uma carabina e R$ 7.852.
Chamada "Tentáculos", a operação buscava cumprir 27 mandados de prisão e 90 de busca e apreensão. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a quadrilha de milicianos que atuava na venda e locação ilegal de 1.600 imóveis do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida chegava a faturar R$ 1 milhão por mês.