Uma planilha da empreiteira Andrade Gutierrez é uma das provas do MPF (Ministério Público Federal) contra o esquema de propina pelo qual o ex-governador Sérgio Cabral e outras 12 pessoas foram denunciadas na Operação Calicute. Nela, há informações sobre os valores de propina pagos a Cabral durante seu governo.
De acordo com procuradores do MPF, a planilha aponta que o ex-governador recebeu cerca de R$ 7,705 milhões e outros R$ 2 milhões encaminhados para a campanha eleitoral dele.
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A força-tarefa da Calicute, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, identificou o desvio de R$ 30 milhões da Andrade Gutierrez — desse valor, R$ 14 milhões correspondem a notas fiscais frias e serviços prestados com valores superfaturados. Dos R$ 14 milhões já identificados, metade "ia diretamente para o bolso de Cabral, o que demonstra a ganância do ex-governador", afirmou nesta quarta-feira (7) o procurador Lauro Coelho Junior.
A denúncia apresentada ontem à Justiça Federal do Rio, que envolve Cabral, a mulher dele, Adriana Ancelmo, e outros 11 acusados de envolvimento no esquema, refere-se apenas a desvios relacionados à Andrade Gutierrez, configurando portanto a primeira fase da Calicute. A partir de agora, os procuradores convocarão empreiteiras que fizeram obras no Rio para investigar o restante dos desvios, que os investigadores acreditram somar mais de R$ 200 milhões.
Em entrevista à imprensa nesta quarta, o procurador Leonardo Cardoso de Freitas disse acreditar que o Estado, que enfrenta a pior crise de sua história, estaria em outra condição se o governo Cabral não praticasse tamanha corrupção.
— A crise no Rio não seria da maneira que está, quiçá nem haveria crise, se tamanha fortuna não tivesse sido desviada dos cofres públicos.
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